Cotidiano
Meninos morrem em menos de 24 horas no hospital Ruth Cardoso
As crianças haviam sido atendidas em uma unidade de saúde do município e outra no próprio hospital e liberadas pelas equipes médicas da Secretaria de Saúde
Comoção e revolta marcaram a segunda-feira (12) em Balneário Camboriú quando veio à tona a notícia da morte de dois meninos no Hospital Municipal Ruth Cardoso. O que deixou as famílias ainda mais indignadas foi que os meninos Theo Francisco Neumann, de um ano e nove meses, e Eliadh Lubke Rosa, de seis meses, haviam sido avaliados pela equipe médica e receberam indicação para serem medicados e tratados em casa. As crianças retornaram ao hospital e faleceram horas depois.
O caso veio à público com uma postagem de Viviane Rocio, avó de Theo, nas redes sociais. “Em menos de 24 horas, duas crianças faleceram com os mesmos sintomas no hospital Ruth Cardoso. Isso não é normal! Se há algo de diferente, um vírus novo, providências precisam ser tomadas. Se for negligência do hospital, isso deve ser investigado. Eu estava no hospital no sábado à noite quando uma das crianças chegou em estado grave e foi mandada embora. O Theozinho ficou lá, mas, mesmo assim, não resistiu. Isso precisa ser investigado!”, declarou Viviane em um vídeo publicado na internet.
Veja o lamento desesperado da avó de Théo
O hospital Ruth Cardoso publicou uma nota informando que as mortes ocorreram por motivos diferentes e em momentos distintos. Segundo a diretora geral do hospital, Syntia Sorgato, “os prontuários estão à disposição das famílias, que podem solicitá-los a qualquer momento. Também estamos disponíveis para fornecer informações complementares.”
Já a Secretaria de Saúde de Balneário Camboriú alegou que os atendimentos foram rápidos. Theo foi levado ao hospital na noite de quinta-feira, onde fez exames que não indicaram alterações, e foi liberado. No sábado, a família o levou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro das Nações já em estado grave. Ele foi encaminhado ao hospital, onde foi internado na sala de emergência enquanto aguardava uma vaga na UTI Pediátrica. “Durante todo o atendimento, os médicos mantiveram a família informada sobre o estado de saúde do menino, e uma conferência foi realizada durante a madrugada para explicar a gravidade do caso. Infelizmente, Theo faleceu na manhã de domingo”, informou a secretaria.
O segundo paciente, Eliadh, deu entrada no hospital na madrugada de domingo, por volta das 3h. Após exames que segundo o hospital não indicaram anormalidades, ele foi liberado. No entanto, retornou ao hospital por volta das 23h do mesmo dia, desta vez com desconforto respiratório grave, e foi internado na emergência. O bebê faleceu na manhã de segunda-feira.
A notícia da morte dos garotos ganhou relevância nas redes sociais e o principal questionamento é com relação a “superficialidade” com que os meninos foram atendidos inicialmente na UPA do Bairro das Nações e na emergência do próprio hospital e o descaso do poder público com a saúde em Balneário Camboriú.
Manuela Francisco Martins, mãe de Theo, fez um apelo às outras mães para que evitem buscar atendimento no Hospital Ruth Cardoso, descrevendo a unidade como um “açougue de hospital”. Ela destacou a falta de empatia e o despreparo dos profissionais, alertando sobre os perigos de diagnósticos superficiais.
O hospital Ruth Cardoso nega que as crianças tenham contraído infecções hospitalares. “Os critérios para a definição de infecção hospitalar são normatizados pela Anvisa e avaliados por médicos infectologistas. Um dos critérios é a internação mínima de 24 horas, o que não se aplica a esses casos”, explicou a Secretaria em nota.
As causas das mortes só podem ser reveladas diretamente às famílias das vítimas, explicou a direção. O hospital afirma que prestou todo o apoio necessário e disponibilizou os prontuários médicos. A instituição diz que não há relação entre as mortes e que não se trata de infecções contraídas no ambiente hospitalar.