Cotidiano
Moradores protestam contra corte de luz em Criciúma
Moradores do Progresso em Criciúma protestam contra corte de energia em área irregular. Sem luz, famílias sofrem e pedem solução

Na manhã desta quarta-feira (23), cerca de 30 moradores do bairro Progresso realizaram um protesto em frente ao Paço Municipal Marcos Rovaris, em Criciúma, reivindicando o restabelecimento da energia elétrica em um loteamento onde vivem há anos. Os manifestantes, moradores de uma área de ocupação considerada irregular, carregavam cartazes e permaneceram por horas em frente à sede do Executivo Municipal.
Segundo os residentes, a comunidade enfrenta dificuldades desde que uma operação da Celesc, com apoio da Polícia Militar, removeu ligações irregulares de energia há mais de uma semana. Desde então, as mais de 60 pessoas que vivem no local convivem com a escuridão, a perda de alimentos e condições precárias.
“As crianças sofrem muito”, diz moradora
Emily de Oliveira, moradora do loteamento, relatou à Rádio Cidade em Dia, os desafios enfrentados no dia a dia: “Está bem complicado, ainda mais para as crianças. A gente perde comida, não tem como ligar ventilador por causa dos mosquitos. Minha mãe me ajuda, mas com o preço da gasolina, fica difícil ficar indo e voltando”.
Ela contou que a família tem improvisado com velas e luzes de emergência: “Para cozinhar, a gente bota luz em cima. Para dar banho, tem que esquentar água no fogão. Quem tem criança grande sofre ainda mais.”
Além do desconforto, a falta de energia afeta a alimentação dos pequenos: “A gente não consegue manter frutas frescas ou água gelada. Tudo estraga”.
Promessas de regularização não cumpridas
Michele da Conceição, primeira moradora da comunidade, afirmou que há cinco anos solicita a regularização da área, sem retorno efetivo. “Toda vez dizem que vão resolver, mas nunca resolvem. Ontem tive que jogar fora meia caixa de leite. É triste ver os filhos pedirem comida e não ter nada porque estragou”, desabafou.
Segundo ela, a situação impacta emocionalmente toda a família: “Eu já tomo calmante de dia e de noite. Nem isso está adiantando mais. Não consigo comer. Meus filhos pedem para ligar o ventilador, e a gente não tem como.”
União das Associações de Bairros de Criciúma critica inércia do poder público
Gentil Francisco, presidente da União das Associações de Bairros de Criciúma, disse que há cerca de dois anos alertou o município sobre a situação da área. “Não houve qualquer ação para regularizar. O resultado está aí: mães, crianças e famílias sofrendo”, criticou. “É um governo que diz que cuida, mas não cuida nem de levantar quem está em área irregular ou sem energia.”
Prefeitura de Criciúma promete ação emergencial
A secretária de Assistência Social, Dudi Sônego, informou que a prefeitura tomou conhecimento da situação na semana passada e está atuando para encontrar uma solução emergencial. “Já estamos realizando o cadastro socioeconômico das 38 famílias. Nosso objetivo é viabilizar, dentro da legalidade, a religação da energia elétrica o quanto antes”, explicou.
Ela destacou ainda que, por se tratar de uma ocupação irregular, não há saneamento básico nem estrutura adequada. “A energia é o problema mais urgente e vamos atuar para resolver, mas é preciso considerar o contexto legal e social de cada família.”