Cotidiano
Morre Dr. Sérgio Alice, ícone da Medicina em SC
Morre aos 83 anos o médico Sérgio Haertel Alice, pioneiro da Patologia e referência na Medicina Legal no Sul de Santa Catarina

Faleceu nesta sexta-feira (28), aos 83 anos, o médico Sérgio Haertel Alice. O profissional foi um dos nomes mais importantes da medicina na região Sul de Santa Catarina, com atuação destacada nas áreas de Patologia, Medicina Legal e na defesa da saúde dos trabalhadores das minas de carvão. A morte foi confirmada pela Regional Médica de Criciúma, entidade da qual foi presidente entre os anos de 1977 e 1979.
A Regional manifestou pesar e prestou homenagem ao médico. “Ficam nossas homenagens a este grande médico e amigo da Regional Médica”, declarou o atual presidente, Dr. Fábio José Fabrício de Barros Souza.
Natural do Rio Grande do Sul, Sérgio Alice formou-se em Medicina em 1968 pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Três anos depois, especializou-se em Patologia no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Chegou a Criciúma na década de 1970, atuando inicialmente como médico da Carbonífera Próspera, onde iniciou um dos trabalhos mais relevantes de sua carreira.
Na época, passou a observar os impactos da pneumoconiose entre os trabalhadores do carvão. Em parceria com o pneumologista Albino José de Souza Filho, desenvolveu o estudo “Pneumoconiose do Trabalhador de Carvão”, que se tornou referência nacional. O trabalho demonstrou a gravidade da doença e contribuiu diretamente para mudanças na legislação trabalhista e previdenciária, incluindo a obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), o uso de água nas frentes de serviço e o afastamento precoce dos trabalhadores com sinais iniciais da doença.
“Esse trabalho científico recebeu a premiação como melhor trabalho de 1985 na Academia Nacional de Medicina”, ressaltou o Dr. Fábio.
Ao longo de sua trajetória, Dr. Sérgio Alice também atuou como Delegado do Conselho Regional de Medicina para a Região Carbonífera, idealizou e fundou o Serviço de Verificação de Óbitos de Criciúma — onde também foi o primeiro médico patologista — e teve papel relevante no Instituto Médico Legal de Criciúma, onde chefiou a perícia médica por vários anos.
No início dos anos 1980, fundou o Laboratório de Patologia Alice, sendo pioneiro em diagnósticos anatomopatológicos no Sul do estado. Também atuou no Hospital São José, onde foi homenageado com o título de Médico Honorário da instituição em 2019.
Na área acadêmica, foi professor nos cursos de Ciências Biológicas, Medicina e Direito da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), nas disciplinas de histologia, patologia e medicina legal. Foi homenageado pela universidade, que deu seu nome ao Centro Acadêmico do curso de Medicina.
Em 2003, Dr. Sérgio Alice recebeu o título de Cidadão Honorário de Criciúma.
Ele deixa a esposa, Lígia, os filhos Rafael, Bárbara e Luciano, netos e uma trajetória marcada pelo pioneirismo, compromisso com a ciência e contribuição à saúde pública.