Padre Júlio emociona professor do Sul de SC

professor Alcides Goularti, da área de economia da Unesc, que também desenvolve uma atuação como cineasta, compartilhou na manhã desta terça-feira (22) na Rádio Cidade em Dia sua experiência recente em São Paulo. Além de realizar filmagens para um documentário sobre Derlei Catarina de Luca, o professor teve a oportunidade de assistir a uma celebração do renomado Padre Júlio Lancelotti.

Goularti descreveu o momento como “muito emocionante, muito bonito, muito profundo e muito forte”. A missa ocorreu na pequena e simples paróquia São Miguel Arcanjo, onde Padre Júlio atua. O professor relatou ter ficado impressionado com o acolhimento do padre aos moradores de rua.

“Chegamos cedo e ele estava sentado, nos acolheu, conversou, abraçou, foi muito emocionante”, contou Goularti. Ele presenciou o momento em que uma mulher trans, negra e muito alterada chegou à porta da igreja. Padre Júlio interrompeu a conversa para acolhê-la com um abraço, sendo seguido por outros moradores de rua que também buscaram seu apoio.

Segundo o professor, após o momento de tensão se acalmar, Padre Júlio explicou que essas pessoas buscavam apenas acolhimento e um abraço, especialmente em momentos de dificuldade e violência. Goularti fez um paralelo entre a atuação de Padre Júlio e a linha de acolhimento pregada pelo Papa Francisco.

“O que o Padre Júlio fazia era avalizado pelo Papa Francisco”, afirmou, lembrando de um episódio em que o próprio Papa ligou para o padre sem se identificar. O professor contextualizou a atuação de Lancelotti dentro da tradição da teologia da libertação e da opção pelos oprimidos, linha que, segundo ele, foi retomada com o Papa Francisco após um período de enfoque mais conservador na Igreja.

Em outro momento da entrevista, o professor Goularti também compartilhou novidades sobre o documentário em produção sobre Derlei Catarina de Luca, figura importante na história da resistência democrática. Ele e a professora Giane Rabelo realizaram diversas filmagens em locais significativos da vida de Derlei em São Paulo, como o Largo Ana Rosa (onde foi presa), a antiga Operação Bandeirantes (onde foi torturada) e o antigo DOPS (onde sofreu mais torturas). O professor se mostrou empolgado com o projeto, do qual também fará uma participação.