Cotidiano
Piloto de balão que caiu em SC não tem licença da Anac
Tragédia em Praia Grande matou oito pessoas; balão usado era não certificado, segundo órgão federal
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que o piloto do balão que caiu em Praia Grande, no Sul de Santa Catarina, e resultou na morte de oito pessoas, teve a solicitação de licença de voo livre negada em 2022 por falta de informações. A informação consta em processo obtido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que investiga o caso.
Segundo o despacho da Anac, Elves de Bem Crescêncio requisitou o documento em 15 de dezembro de 2022, mas teve o pedido indeferido quinze dias depois. A agência também apontou que o balão envolvido na tragédia é do tipo “não certificado” e que não foi informado onde o piloto recebeu sua instrução prática.
A defesa, no entanto, afirma que Crescêncio tem vasta experiência com voos de instrução e que o piloto e a aeronave estão cadastrados conforme as normas do RBAC nº 103. “Não há qualquer advertência ou histórico desabonador”, disse a advogada Aline Marques.
A tragédia ocorreu no sábado, 21 de junho, por volta das 7h, durante um passeio turístico com 21 pessoas a bordo. Segundo a Polícia Civil, o balão pegou fogo logo após a decolagem. O piloto e alguns passageiros conseguiram pular quando a estrutura estava próxima ao solo. No entanto, com o cesto mais leve, o balão voltou a subir. Quatro vítimas morreram ao saltar de cerca de 45 metros de altura; outras quatro foram carbonizadas após a queda do cesto em chamas.
O piloto relatou que o incêndio começou no maçarico — equipamento essencial para inflar o balão com ar quente — que estava no chão do cesto e não era usado no momento. O extintor a bordo, segundo testemunhos, não funcionou ao ser acionado. Ambos os itens foram recolhidos e passam por perícia técnica.
A Anac reforçou que o balonismo turístico no Brasil ainda carece de regulamentação específica. As normas atualmente em vigor são voltadas ao balonismo desportivo. O caso segue sob apuração pelo MPSC, Polícia Civil e autoridades técnicas.