Cotidiano
RETROSPECTIVA 2024: Operação Presságio e as prisões de políticos em Florianópolis
Operação se tornou um marco nas investigações de corrupção e irregularidades dentro da administração pública de Florianópolis
Em 2024, a Operação Presságio se tornou um marco nas investigações de corrupção e irregularidades dentro da administração pública de Florianópolis. Deflagrada em várias fases ao longo do ano, a operação expôs um esquema complexo de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo tanto servidores públicos quanto empresários. A investigação, que teve início em 2021, ganhou destaque com a prisão de políticos e ex-secretários municipais, além de outras figuras-chave da administração pública.
Segunda fase da Operação Presságio: a prisão de políticos e empresários
A segunda fase da Operação Presságio foi deflagrada no dia 29 de maio de 2024 e teve como foco a prisão de Ed Pereira, ex-secretário de Turismo de Florianópolis, além de outras três pessoas: Renê Justino, Lucas Fagundes e Cleber Ferreira. Eles foram detidos preventivamente em uma ação que envolveu nove mandados de busca e apreensão em diversas localidades, como Florianópolis, Palhoça e Balneário Camboriú.
A investigação, que tinha como ponto de partida a denúncia de poluição ambiental por parte de uma empresa de coleta de lixo terceirizada, revelou uma série de irregularidades nas contratações realizadas pela prefeitura. A empresa foi contratada sem licitação durante uma greve da COMCAP, mas permaneceu prestando serviços por mais de 17 meses, sem a devida licitação, o que levantou sérias suspeitas de conluio entre agentes públicos e privados.
Durante essa fase, também foi destacada a atuação de figuras políticas e de servidores públicos em cargos de confiança, que, supostamente, facilitaram a continuidade de irregularidades mesmo após a greve da COMCAP ter terminado.
Terceira fase da Operação Presságio: ampliação das diligências e afastamentos de servidores públicos
A terceira fase da Operação Presságio, deflagrada no 28 de junho de 2024, trouxe uma ampliação das investigações, com a cumprimento de 26 mandados de busca e apreensão e o afastamento de seis servidores públicos. A operação se concentrou, em parte, na Câmara de Vereadores de Florianópolis, com diligências realizadas no local de trabalho de Adriano de Souza Ribeiro, ex-diretor da Fundação Municipal de Esportes. Além disso, a Secretaria do Continente também foi alvo de buscas, com a apreensão de documentos e aparelhos eletrônicos.
A Câmara de Vereadores, em nota, confirmou a presença da Polícia Civil, mas destacou que a diligência estava relacionada a um servidor da Câmara e que não envolvia o Legislativo de maneira direta. A investigação avançou para o involvimento de uma segunda secretaria municipal, o que aumentou o número de pessoas investigadas e ampliou o alcance da operação. A suspeita é de que o esquema de corrupção envolvesse tanto servidores públicos quanto agentes privados, com possíveis desvios de recursos públicos e fraudes em contratos.
Além disso, a operação revelou que alguns servidores investigados haviam sido remanejados para outros cargos após a primeira fase da operação, uma tentativa, possivelmente, de ocultar as práticas ilícitas e evitar a fiscalização. A Polícia Civil e o Ministério Público não divulgaram os nomes dos servidores afastados, mas mantiveram o foco na apuração dos desvios de recursos públicos e das irregularidades administrativas.
Desdobramentos e impacto na política local
O ano de 2024 foi crucial para as investigações sobre a corrupção dentro da administração pública de Florianópolis. A Operação Presságio expôs não apenas o envolvimento de políticos, mas também de servidores públicos de alto escalão e empresários, que teriam atuado de forma coordenada para fraudar processos licitatórios, desviar recursos públicos e lavar dinheiro por meio de contratos irregulares.
Essas prisões e investigações levantaram questões sobre a transparência na administração pública e sobre o impacto das práticas corruptas nas finanças municipais. A cidade, que já enfrentava desafios em relação à gestão de resíduos e infraestrutura pública, viu sua imagem abalada por essas revelações, mas também testemunhou a atuação da Polícia Civil e do Ministério Público no combate à corrupção e no fortalecimento das instituições democráticas.