Cotidiano
“Todas afastadas”, garante secretária sobre agressão em Criciúma
As professoras e auxiliares que viram a agressão e não fizeram nada também foram demitidas
A agressão de uma criança em uma escola pública de Criciúma gerou repercussão e levou à demissão de todas as pessoas envolvidas no incidente. Em entrevista à Rádio Cidade em Dia, a Secretária de Educação de Criciúma, Alexsandra Stols, detalhou as medidas imediatas tomadas pela administração.
A secretária foi clara ao afirmar que todas as pessoas envolvidas no caso foram afastadas imediatamente. “Em qualquer situação de conflito dentro da escola, é procedimento padrão afastar todos os profissionais envolvidos, sejam eles professores, auxiliares ou estagiários”, afirmou.
Ela explicou que a estagiária acusada de agredir a criança foi detida e encaminhada para a delegacia de polícia, onde ficou até passar por uma audiência de custódia.
Além do incidente de agressão à criança, Stols relatou que houve um segundo conflito dentro da escola. A pessoa que filmou o vídeo também teria agredido a estagiária acusada, o que agravou ainda mais a situação. “Essa pessoa acabou agredindo a estagiária, gerando mais confusão”, comentou a secretária.
Processo de contratação: falhas no sistema?
Alexsandra Stols explicou que a contratação é feita através do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE/SC), e que todos os estagiários passam por formações ao longo do ano. Entretanto, no caso da estagiária acusada de agressão, ela havia começado a trabalhar no mesmo dia do ocorrido e, portanto, ainda não tinha passado pela formação.
Em uma reportagem investigativa feita pelo portal SCTodoDia, a equipe se passou por candidatos a vagas de estágio e entrou em contato com o CIEE/SC. Ao contrário do que foi mencionado pela secretária, a informação repassada é que estagiários com apenas ensino médio também podem atuar com crianças com deficiência.
Quando questionados se poderia atuar com alunos especiais, a resposta foi positiva, sem qualquer exigência adicional de formação pedagógica ou experiência prévia.
Outro ponto alarmante é a ausência de verificação de antecedentes criminais no processo de contratação. A reportagem descobriu que estagiários podem ser contratados sem a necessidade de apresentar atestados de antecedentes, o que aumenta os riscos de incidentes como o ocorrido.
Confusão sobre a deficiência da criança
Após o incidente, circularam rumores de que a criança agredida poderia ter necessidades especiais, mas a secretária esclareceu essa questão.
“Não era uma criança com deficiência”, afirmou a secretária, explicando que a confusão pode ter ocorrido porque a estagiária acusada tem um filho autista, o que pode ter levado a essa suposição.
Stols também destacou que, em casos onde estagiários cuidam de crianças com deficiência, a Secretaria tenta alocar estagiários mais qualificados, como estudantes de pedagogia, mas reconheceu que isso nem sempre é possível devido à alta demanda e à falta de profissionais capacitados.
A secretária explicou que o estágio faz parte do processo de aprendizado, permitindo que os estudantes entendam se querem seguir na carreira educacional. “O estágio permite que o aluno veja se é isso que ele realmente quer fazer”, disse Stols, enfatizando que o estágio é uma parte essencial da formação de futuros profissionais.
Atualmente, a rede municipal de Criciúma conta com 833 estagiários, muitos dos quais são responsáveis por turmas inteiras ou por crianças com necessidades especiais, sem a devida formação pedagógica ou acompanhamento próximo.
Medidas paliativas ou soluções definitivas?
Alexsandra também confirmou que apenas 30 auxiliares de ensino foram contratados no concurso público mais recente, e que ainda existem 20 vagas não preenchidas. Enquanto isso, as escolas continuam a depender de estagiários para preencher essas lacunas.
A Secretária Alexsandra Stols garantiu que todos os envolvidos foram afastados e que a investigação está em andamento, mas até que o sistema de contratação e formação de estagiários seja revisto, a segurança e o bem-estar das crianças nas escolas municipais de Criciúma continuarão sob ameaça.