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“A queda da monarquia foi acelerada pela Lei Áurea”, diz Ghedin

Cultura
Pintura histórica de Benedito Calixto retratando a Proclamação da República em 1889, com Marechal Deodoro da Fonseca liderando o evento
Foto: Ilustração / Benedito Calixto

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“A queda da monarquia foi acelerada pela Lei Áurea”, diz Ghedin

A Proclamação da República, há 135 anos, encerrou o Segundo Reinado e iniciou a República no Brasil. Entenda o contexto e o legado histórico

O feriado da Proclamação da República, celebrado nesta sexta-feira (15), marca 135 anos desde o evento ocorrido em 15 de novembro de 1889, que encerrou o Segundo Reinado e iniciou a República no Brasil. Liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, com apoio militar, a proclamação resultou na deposição de Dom Pedro II e no início de um novo sistema político no país.

Em entrevista ao programa Em Dia Com a Cidade, da Rádio Cidade em Dia, o historiador Maurício Ghedin analisou o contexto histórico, definindo o evento como um golpe: “Foi um golpe que marcou o fim do reinado de Dom Pedro II, um monarca de destaque mundial, mas cujo longo governo, de 49 anos, enfrentou desgastes irreversíveis. Nos últimos 20 anos da monarquia, o imperador lidou com uma série de crises — abolicionista, militar, republicana e religiosa — que enfraqueceram seu apoio.”

O papel do Exército e a abolição da escravidão

Após a Guerra do Paraguai, o Exército brasileiro, fortalecido e com novas aspirações políticas, aderiu ao movimento republicano. Embora Dom Pedro II fosse favorável à abolição da escravidão, sua base política, formada por escravistas, viu na assinatura da Lei Áurea um ponto de ruptura. Os grandes cafeicultores e a Igreja também retiraram seu apoio, deixando o imperador isolado. “Quando a princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, a escravidão já estava com os dias contados. Entretanto, isso acelerou a queda da monarquia, já que setores ainda escravistas, como os cafeicultores do Vale do Paraíba, abandonaram Dom Pedro II.”

A proclamação e o papel das elites

Ghedin destacou a ausência de participação popular na proclamação da República, um movimento restrito às elites:”José Murilo de Carvalho, em Os Bestializados, mostra como a República foi um projeto elitista. O povo, desinformado, permaneceu à margem, sem qualquer envolvimento.”

Legado e a construção da democracia

O historiador lembrou que a Primeira República (1889-1930) foi marcada por fraudes e que a democracia no Brasil passou por ciclos instáveis até 1985:”Desde então, vivemos nossa mais longa sequência democrática, com quase 40 anos. Democracia se constrói e se protege. O compromisso ético e a busca por melhorias são fundamentais para o futuro do país.”

 

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