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Casal difunde a musicalidade e a capoeira em Navegantes

Cultura
Casal Difunde A Musicalidade E A Capoeira Em Navegantes
Foto: Joca BaggioDivulgação/SCTodoDia

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Casal difunde a musicalidade e a capoeira em Navegantes

Bárbara e Gian criaram o Centro Cultural Ecos de Santo Amaro com um único objetivo: democratizar a cultura; o espaço é anexo a casa do casal e toda a programação é gratuita

Bárbara Canziani Kristensen é musicista, mestre em educação e especialista em metodologia do ensino da música. Descendente de italianos, alemães e dinamarqueses, ela se apaixonou pelo mineiro, mestre e campeão nacional de capoeira Gian Carlos Rio dos Santos, o mestre Latino. Com ele Bárbara conheceu a musicalidade da capoeira e, juntos, os dois mergulharam fundo em pesquisas sobre as origens de uma tradição que era vista apenas como uma luta corporal.

Estudiosos, eles retrocederam ao século XVIII e concluíram que mesmo a capoeira tendo nascido no Brasil, seu embrião veio nos navios negreiros, na bagagem dos africanos escravizados. E além dos movimentos corporais e dos sons dos berimbaus e atabaques que se vê na capoeira contemporânea, Bárbara e Gian resgataram também a musicalidade e a religiosidade que era impressa na tradição e que se perdeu com o tempo.

Aliás, como menciona Paulo César Pinheiro na música Toque de Benguela, há uma grande miscigenação da capoeira com outras tradições africanas: “Mãe-África engravidou em Angola, partiu de Luanda e de Benguela, chegou e pariu a capoeira no chão do Brasil, verde e amarela.”

Gian conheceu a capoeira em 1992 em Poços de Caldas, Minas Gerais. Quando veio morar em Navegantes aos 11 anos, parou por um tempo. Mas seis anos depois ele voltou a treinar na cidade, sempre com a premissa de que a música é o diferencial que garante a ginga, que é uma das marcas do jogo. Pouco tempo depois o mestre apresentou a capoeira à Bárbara, que com toda sua bagagem musical, instigou os estudos.

Gian conta que quanto mais eles voltaram na história, mais entenderam que a musicalidade da capoeira se miscigenava com a musicalidade do candomblé, do samba, do maculelê e de várias outras manifestações que vieram para o Brasil com os negros.

Aliado às pesquisas, Gian voltou a dar aulas de capoeira e em 2015, iniciou um projeto novo, associando o jogo corporal à musicalidade. Mas para isso eles foram beber em outras fontes. Viajaram o Brasil em busca de mestres ancestrais, e também de pesquisadores em cultura popular, para que o projeto nascesse fundamentado nas raízes da capoeira.

Coletivo Ecos de Santo Amaro

Casal Difunde A Musicalidade E A Capoeira Em Navegantes02

Bárbara e Gian criaram o Centro Cultural Ecos de Santo Amaro com um único objetivo: democratizar a cultura; o espaço é anexo a casa do casal e toda a programação é gratuita (Foto: Duvulgação)

Com o novo projeto, o casal, que até então apenas namorava, comprou um terreno e construiu sua casa com um espaço anexo para ser utilizado como uma academia de capoeira. Esse espaço também é utilizado para recitais, oficinas de percussão, saraus, mostras de cinema alternativo e outras manifestações culturais, todas gratuitas.

Surge então o Centro Cultural Ecos de Santo Amaro, com o intuito de difundir e democratizar a cultura popular sem fins lucrativos.

A inspiração para o nome remonta ao ano de 1896, quando a Câmara Episcopal de Corytiba concedeu licença para que a população ribeirinha pudesse construir uma capela sob a invocação de Nossa Senhora dos Navegantes, São Sebastião e Santo Amaro.

 

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