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RETROSPECTIVA: túmulos centenários mantém viva a tradição da primeira colônia de italianos do Sul de Santa Catarina

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Foto: Matheus Machado

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RETROSPECTIVA: túmulos centenários mantém viva a tradição da primeira colônia de italianos do Sul de Santa Catarina

Cemitério de Azambuja terá projeto de revitalização em Pedras Grandes

TUBARAO

Em outubro deste ano, a equipe de reportagem do portal SCTodoDia em parceria com a Rádio Cidade produziu um conteúdo especial junto com os caça-fantasmas brasileiros no Cemitério da Imigração Italiana, localizado em Pedras Grandes.

A história do cemitério em Azambuja se converte em um documento, fonte para pesquisas e estudos sobre a história regional e da colonização do século XIX no sul de Santa Catarina. O historiador Paulo Sérgio Osório, professor da Unesc e que atuou no projeto de restauração do cemitério, destacou que no ano de 1877, grandes levas de imigrantes de várias nacionalidades, especialmente italianos, começaram a chegar no território, que passou a ser designado de Colônia Azambuja.

“É sempre bom lembrar que a colônia ocupava uma área muito grande de terras, que ia praticamente do Rio Tubarão ao Rio Mampituba, na divisa do Rio Grande do Sul. Isso do ponto de vista da constituição territorial. A colônia não ocupou necessariamente todo esse território, mas a ideia que se tinha é que o território que poderia ser ocupado era esse”, explicou o professor.

Ainda conforme o pesquisador, os imigrantes eram acompanhados por representantes do governo que auxiliavam nas distribuições das terras e na construção dos primeiros ranchos.Temos o reflexo de toda a história construída pelos imigrantes na atualidade através das tradições, culturas, sobrenomes e locais criados à época e que perduram até os dias atuais. Um deles é o Cemitério da Imigração Italiana, localizado em uma encosta próximo ao centro de Azambuja.

Atualmente em propriedade privada, túmulos e informações sobre diversos grupos étnicos estão muito bem preservados no cemitério. “Também temos os germânicos e lusos, entre outros, que ajudaram a formar a comunidade e região. Então esse local acaba se convertendo em um local significativo de parte da memória da comunidade e consequentemente no município de Pedras Grandes. Parte das memórias ainda estão escondidas nos fragmentos de cada túmulo, necessitando o restauro e preservação”, disse o professor.

“O cemitério representa parte da vida da comunidade e torna-se útil e necessário por sua simbologia, aspectos religiosos, históricos, artísticos e culturais. O espaço abriga o recorte de memórias daqueles que ali estiveram sepultados e da comunidade a qual pertencem”, pontuou Paulo Sérgio.

Azambuja atualmente é uma parte do município de Pedras Grandes, mas já foi sede de uma colônia nos séculos passados. A Colônia Azambuja foi fundada em 28 de abril de 1877 pelo agrimensor maranhense Joaquim Vieira Ferreira. Conforme o historiador explica, não é possível precisar a data em que o cemitério foi construído, mas existe a tendência de que o mesmo tenha sido criado logo nos primeiros anos de ocupação da área. “Consta que os primeiros sepultamentos não foram feitos neste campo santo, e sim em uma parte mais baixa e úmida, apontando a necessidade de levar o cemitério para uma área mais elevada”, falou o professor sobre a localização das ruínas.

O projeto de restauração

Em 2023, a empresa Sapienza Arqueologia & Gestão do Patrimônio em parceria com a Fundação Educacional Barriga Verde (FEBAVE) de Orleans, foram designados para um projeto de estudo de restauração e definição de diretrizes técnicas para conservação do Cemitério da Imigração Italiana no bairro Azambuja, em Pedras Grandes.

Para os trabalhos, uma equipe multidisciplinar com profissionais de diversas áreas como arqueólogos, um historiador, museólogos, conservadores, arquitetas e um engenheiro civil. O estudo previu obras de edificação como calçadas, iluminação, drenagem e acesso ao cemitério. “O objetivo era mostrar o que tinha, onde estavam, as condições e apontar melhorias para o local, para poder receber os devidos restauros e conservação”, explicou o arqueólogo e um dos integrantes da equipe, Alexandro Demathé. Conforme o profissional, a restauração devida permite a presença de visitantes, desde familiares das pessoas que um dia estiveram sepultadas no cemitério, até pesquisadores que se interessem pela cultura e imigração italiana.

Demathé falou que o trabalho dos arqueólogos foi técnico e através das análises, foi possível identificar a tipologia e descrever todas as escritas das lápides. “Fizemos uma planta do local com topografia e um diagnóstico inicial da condição de cada elemento mortuário. Criamos elementos que possibilitaram a tomada de decisão da equipe de restauro e conservação”, disse o profissional. Vale destacar que o cemitério é um patrimônio tombado e necessitou de trabalhos técnicos e metodologias específicas para os estudos.

Durante a reportagem, foi possível notar que a mata estava alta e preponderante no local. A prefeitura informou que costumava efetuar serviços de roçagem e limpeza, mas após orientações inclusive descritas no projeto de restauração, as manutenções foram paradas para evitar qualquer tipo de dano aos túmulos. Para o projeto, a Prefeitura de Pedras Grandes desembolsou cerca de R$ 130 mil. Para a execução das obras, o prefeito Agnaldo Filippi calcula que aproximadamente mais R$ 300 mil deverão ser utilizados para realizar o restauro e acesso ao cemitério. O mandatário ainda crê que até 2026 a licitação estará pronta e os recursos alocados.

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