Economia
Catarinenses ajustam hábitos diante da crise alimentar
Alta dos preços e queda de renda afetam alimentação no Brasil; em SC, impacto é menor, mas consumo de ultraprocessados preocupa
Por
Redação
A crise econômica que atinge milhões de brasileiros tem reflexos diretos na mesa da população. Com o aumento do custo de vida e a queda do poder de compra, muitos recorrem a alimentos mais baratos e menos nutritivos. Em Santa Catarina, embora os indicadores ainda sejam os melhores do país em relação à insegurança alimentar, especialistas alertam para a piora gradual na qualidade da dieta, especialmente entre famílias de baixa renda e em regiões mais vulneráveis do estado.
Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mais da metade da população brasileira convive com algum grau de insegurança alimentar. O dado contrasta com a situação de Santa Catarina, que, conforme o IBGE, apresenta os menores índices do país nessa categoria: apenas 11,2% dos domicílios registraram algum tipo de restrição de acesso à comida em 2023.
Ainda assim, os desafios não são poucos. O preço dos alimentos básicos aumentou acima da inflação nos últimos anos, tornando difícil manter uma dieta equilibrada. Com isso, cresce o consumo de alimentos ultraprocessados, que são mais baratos, de preparo rápido, mas com alto teor de sódio, açúcar e gordura — o que aumenta o risco de doenças crônicas.
Em SC, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) revelam que mais de 54% da população adulta já apresenta excesso de peso. O número acompanha a tendência nacional, mas preocupa profissionais da saúde pela associação direta com a má alimentação.
Perspectiva catarinense
Embora cidades como Florianópolis, Joinville e Chapecó apresentem bons indicadores de acesso à alimentação saudável — incluindo feiras, hortas comunitárias e redes de produtores locais —, regiões como o Planalto Norte, o Oeste e parte do Sul do estado apresentam maiores desafios, especialmente entre a população que depende de programas de assistência ou está em situação de informalidade.
A nutricionista Carla Moresco, de Criciúma, destaca: “Mesmo com um estado relativamente mais desenvolvido, a insegurança nutricional vem aumentando. As pessoas não passam fome, mas se alimentam mal por questões econômicas”.
A crise econômica nacional segue sendo um fator determinante na forma como os catarinenses estão se alimentando. Enquanto o estado ainda mantém os melhores indicadores do Brasil, há uma preocupação crescente com a qualidade da alimentação. A ampliação de políticas públicas de acesso a alimentos saudáveis, educação nutricional e valorização da agricultura familiar são apontadas como caminhos essenciais para frear o avanço dos impactos da crise no prato do catarinense.