Catarinenses destinam quase 30% da renda a dívidas
Quase 10% da renda das famílias vai apenas para juros, mais que o triplo da média de países desenvolvidos
As famílias brasileiras nunca gastaram tanto com o pagamento de juros. Segundo o Banco Central, em maio, 9,86% da renda foi destinada apenas a encargos financeiros, o maior nível desde 2005. Quando somadas amortizações e juros, o peso das dívidas chega a 27,8% da renda familiar.
O impacto é ainda mais preocupante porque mais de um terço desse valor corresponde apenas aos juros. Em comparação, nos Estados Unidos essa fatia é de 8% e no Japão, 7,8%. Ou seja, o brasileiro paga mais caro para dever menos.
No crédito imobiliário, o comprometimento representa apenas 2,1% da renda, reflexo de taxas menores e acesso restrito. Já modalidades como cartão de crédito e empréstimos pessoais concentram a maior parte da dívida, elevando os custos. Em junho, a taxa média do crédito pessoal atingiu 58,3% ao ano, o maior nível em 13 meses.
Em Santa Catarina, a realidade acompanha a média nacional. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SC (Fecomércio-SC) mostra que 67,4% das famílias catarinenses estavam endividadas em julho de 2024, índice próximo ao registrado no país. A instituição alerta que os altos juros dificultam a recuperação do consumo no estado.
Enquanto os gastos com juros avançaram 20,5% em 2024, a renda das famílias cresceu apenas 3,2%. Uma pesquisa da Serasa aponta que 54% dos trabalhadores não conseguem chegar ao fim do mês apenas com o salário, cenário que evidencia a falta de folga no orçamento e a dificuldade em formar reservas de emergência.
Especialistas em finanças pessoais recomendam que as famílias catarinenses priorizem dívidas com juros mais altos, como cartão de crédito e cheque especial, antes de assumir novos compromissos.
