Copom mantém Selic em 15% ao ano: juros altos seguem encarecendo crédito e favorecendo renda fixa

O patamar é o mais elevado desde 2006 e segue influenciando diretamente o dia a dia dos brasileiros, tanto no custo do crédito quanto nas oportunidades de investimento.

Eduardo Fogaça

Publicado em: 15 de dezembro de 2025

6 min.
Copom mantém Selic em 15% ao ano: juros altos seguem encarecendo crédito e favorecendo renda fixa. Foto: Divulgação

Copom mantém Selic em 15% ao ano: juros altos seguem encarecendo crédito e favorecendo renda fixa. Foto: Divulgação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (10), manter a taxa Selic em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva. O patamar é o mais elevado desde 2006 e segue influenciando diretamente o dia a dia dos brasileiros, tanto no custo do crédito quanto nas oportunidades de investimento.

A decisão mantém o cenário de juros altos no país, com efeitos práticos claros: financiamentos e empréstimos continuam caros, enquanto aplicações de renda fixa seguem oferecendo retornos considerados bastante atrativos.

Impacto direto nos investimentos de renda fixa

Com a Selic nesse nível, os papéis de renda fixa atrelados ao CDI — taxa que acompanha de perto a Selic — seguem com rentabilidade elevada. É o caso dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), das Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) e dos títulos públicos do Tesouro Direto, como o Tesouro Selic.

Sempre que o Copom opta por manter os juros elevados, esses investimentos conservadores preservam ganhos expressivos, atraindo investidores que buscam segurança e previsibilidade.

Como fica o rendimento da poupança

A caderneta de poupança também é impactada pela Selic alta, mas de forma mais limitada. Quando a taxa básica supera 8,5% ao ano, como ocorre atualmente, a poupança passa a render 0,5% ao mês — o equivalente a cerca de 6,17% ao ano — acrescida da Taxa Referencial (TR).

Apesar de a TR ter voltado a registrar rendimento com os juros acima de dois dígitos, a poupança continua menos vantajosa em comparação a outras opções de renda fixa disponíveis no mercado.

Projeções para os juros nos próximos anos

De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a expectativa do mercado é que a Selic recue gradualmente, chegando a 12,25% ao ano até o fim de 2026. Ainda assim, especialistas avaliam que, no horizonte de médio prazo, os títulos atrelados ao CDI ou à Selic tendem a apresentar desempenho superior aos prefixados ou indexados à inflação, considerando o cenário atual.

Mesmo assim, as taxas oferecidas hoje seguem elevadas. No Tesouro Direto, títulos indexados à inflação pagam cerca de 7% ao ano mais o IPCA, enquanto os prefixados oferecem remuneração próxima de 14% ao ano.

Simulação: quanto rende R$ 1 mil em um ano

Simulações feitas com base na calculadora de renda fixa do Valor Investe mostram diferenças relevantes entre os investimentos:

  • Tesouro Selic: R$ 1.123 após um ano, já descontado o Imposto de Renda.
  • CDB a 100% do CDI ou fundo DI sem taxa: R$ 1.123 líquidos em um ano.
  • LCA ou LCI a 85% do CDI (isentas de IR): R$ 1.127 após um ano.
  • Tesouro Prefixado: R$ 1.115 líquidos.
  • Tesouro IPCA+: R$ 1.087 líquidos.
  • Poupança: R$ 1.084 após um ano.

Embora as diferenças pareçam pequenas no curto prazo, no longo prazo elas se tornam significativas, tornando a poupança cada vez menos competitiva.

Atenção ao risco dos emissores

Apesar da atratividade, investidores precisam ficar atentos ao risco de crédito. Títulos emitidos por bancos, como CDBs, LCIs e LCAs, dependem da saúde financeira da instituição emissora. Em períodos de juros elevados, esse risco tende a aumentar.

O recente caso do banco Master, que entrou em liquidação por decisão do Banco Central, acendeu o alerta. Cerca de 2 milhões de investidores foram afetados, mas os valores aplicados em renda fixa serão cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege até R$ 250 mil por CPF e por instituição. Ainda assim, o ressarcimento pode levar tempo.

Já papéis emitidos por empresas, como debêntures, CRIs e CRAs, não contam com a cobertura do FGC, exigindo ainda mais cautela do investidor.


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