O ouro atingiu o maior valor real desde 1980, impulsionado por temores sobre a trajetória da economia americana e a crescente pressão política sobre o Federal Reserve durante o governo de Donald Trump. O metal precioso, tradicionalmente visto como um ativo de proteção em tempos de crise, alcançou US$ 3.674,27 por onça na última terça-feira (9), marcando um recorde histórico.
A valorização representa uma alta de cerca de 5% apenas em setembro e já soma 40% de aumento em 2025. No total, o ouro estabeleceu mais de 30 novos recordes nominais ao longo do ano. Ajustado pela inflação, o valor atual supera o pico registrado em 21 de janeiro de 1980, durante o governo do presidente Jimmy Carter, quando os EUA enfrentavam alta inflação, recessão e desvalorização do dólar em meio à crise dos reféns do Irã.
Especialistas apontam que a escalada reflete o enfraquecimento do dólar e o aumento da desconfiança em relação às políticas fiscais e monetárias dos Estados Unidos.
Influência da política de Trump
Economistas explicam que desde o início de seu novo mandato, Donald Trump tem adotado medidas que ampliam o déficit fiscal e geram tensão com o Federal Reserve, incluindo reduções de impostos e críticas públicas à política monetária. O mercado vê essas ações como sinais de dominância fiscal, situação em que o governo pressiona o banco central a manter juros artificialmente baixos, mesmo sob risco de alta inflacionária.
A percepção de fragilidade do dólar e dos títulos do Tesouro americano levou investidores e bancos centrais de diversos países a reforçar suas reservas em ouro, considerado um porto seguro em tempos de instabilidade.
Segundo Greg Sharenow, gestor da Pacific Investment Management (PIMCO), a transição de um mundo unipolar para multipolar acelerou o interesse dos bancos centrais em diversificar suas reservas, e o ouro tem sido o maior beneficiário desse movimento.
Comparação histórica
Quando o ouro chegou a US$ 850 em 1980 — valor que, corrigido pela inflação, equivale hoje a cerca de US$ 3.590 —, os EUA também viviam um período de alta inflação e desconfiança econômica. A semelhança com o cenário atual tem levado analistas a traçar paralelos entre as duas crises.
“O ouro reflete a consciência renovada de que a inflação continua sendo um problema global e que o mundo atravessa um período de incerteza crescente”, avaliou Carmen Reinhart, ex-economista-chefe do Banco Mundial.
Mercado global e reservas recordes
A alta do metal fez com que o valor do ouro armazenado nos cofres de Londres ultrapassasse US$ 1 trilhão pela primeira vez. O metal também se tornou o segundo ativo mais relevante nas reservas dos bancos centrais, superando o euro.
Analistas da Bloomberg Intelligence avaliam que, embora o ouro esteja “assustadoramente caro”, o mercado ainda está disposto a pagar mais pelo metal como forma de seguro diante da incerteza econômica.
“Comparado às ações americanas, o ouro ainda parece barato. Se os mercados acionários começarem a fraquejar, o metal pode subir ainda mais”, afirmou Grant Sporre, chefe global de metais e mineração da Bloomberg Intelligence.
Perspectivas
Com as apostas crescentes em cortes de juros pelo Federal Reserve, o ouro deve continuar valorizando-se no curto prazo. A expectativa de recessão nos EUA e as tensões geopolíticas em diferentes regiões do mundo reforçam a demanda pelo ativo.
O cenário atual indica que o metal pode seguir como refúgio preferido dos investidores, consolidando-se como símbolo de proteção e estabilidade em tempos de incerteza global.
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