Pix Parcelado opõe bancos e Banco Central sobre modelo de cobrança

Bancos querem fatura do cartão; BC prefere débito em conta. Entenda o impasse e os riscos ao consumidor.

Leticia Matos

Publicado em: 25 de outubro de 2025

5 min.
Pix Parcelado opõe bancos e Banco Central sobre modelo de cobrança. - Foto: rupixen.com

Pix Parcelado opõe bancos e Banco Central sobre modelo de cobrança. - Foto: rupixen.com

O Banco Central e as principais instituições financeiras do país divergem sobre o desenho técnico do Pix Parcelado, funcionalidade que pretende padronizar o parcelamento no sistema de pagamentos instantâneos e que, segundo avaliações de mercado, pode ficar para 2026. O setor bancário defende lançar as parcelas na fatura do cartão de crédito; já o BC prefere que a cobrança ocorra diretamente na conta corrente do usuário.

O que está em discussão

A padronização do “Pix Parcelado” busca unificar regras hoje adotadas por bancos e fintechs, que já oferecem soluções próprias. A meta é criar uma experiência uniforme, com critérios comuns para concessão de crédito, cobrança de juros e tratamento de inadimplência.

Como funcionaria

  • Recebedor (lojista ou pessoa física): receberia o valor integral na hora.
  • Pagador (consumidor): pagaria em parcelas à própria instituição financeira.
  • Instituições: definem juros, encargos e procedimentos em caso de atraso, conforme o perfil de risco do cliente.

O que propõem bancos e BC

Setor bancário

  • Parcelas lançadas na fatura do cartão de crédito, citando pesquisas internas que indicam preferência do consumidor por esse modelo.
  • Convivência de modelos: opção para o cliente escolher entre fatura de cartão ou débito mensal da conta.

Banco Central

  • Débito direto em conta corrente vinculada à chave Pix, preservando a arquitetura original do Pix e a relação de crédito entre cliente e instituição onde mantém a chave.

Preocupações com endividamento

O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) se posiciona contra a proposta como está e pede transparência nas regras. Para a entidade, associar a marca Pix — construída sobre instantaneidade, simplicidade e gratuidade — a um produto de crédito com juros e contratos pode confundir o usuário e incentivar o superendividamento, sobretudo em um contexto de aumento da inadimplência, com maior impacto sobre famílias de baixa renda.

Para o Idec, o consumidor pode acreditar que realiza apenas uma transferência parcelada quando, na prática, contrata uma linha de crédito e assume uma dívida.

O que o Idec cobra se o projeto avançar

  • Nome e identidade visual próprios, sem uso da marca Pix.
  • Regras padronizadas como em outros créditos: contratos claros e direitos garantidos.
  • Salvaguardas contra superendividamento, com análise de risco proporcional e limites de contratação.
  • Ativação somente por iniciativa do usuário (opt-in).
  • Consulta e debate públicos antes da implementação, com foco na proteção do consumidor.

O que muda para consumidores e lojistas (se aprovado)

  • Para o consumidor: acesso a parcelamento instantâneo; porém, incorre em juros e encargos, exigindo atenção a limites, taxas e condições.
  • Para o lojista: recebimento integral imediato, com risco de crédito transferido ao banco/fintech, potencialmente reduzindo custos operacionais.

Próximos passos

A funcionalidade ainda está em discussão técnica e regulatória. O debate opõe preferências de infraestrutura (fatura de cartão x débito em conta) e preocupa entidades de defesa do consumidor. A previsão mencionada no mercado é de implementação apenas após nova rodada de definições — possibilidade de ficar para 2026.


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