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Dia do Professor: de Vani a Maria, as professoras que marcaram Criciúma

Educação
Dia do Professor de Vani a Maria, as professoras que marcaram Criciúma 3
Fotos: Unesc

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Dia do Professor: de Vani a Maria, as professoras que marcaram Criciúma

Educação marcou a vida da primeira professora negra da Unesc e da única vice-prefeita da cidade

A figura do professor costuma ser uma das mais marcantes na formação de uma pessoa. Seja aquela que ainda nos primeiros anos de escola lhe ensina o bê-a-bá ou a que, já na faculdade, lhe abre as portas para o caminho do trabalho. Em diferentes momentos da vida, quase sempre há um educador para marcar e celebrar – os quais lembramos nesta terça-feira (15), no Dia do Professor.

Certamente não há como resumir o trabalho de milhares de professores de Criciúma em uma, duas ou até mesmo algumas dezenas de profissionais. Ainda assim, existem algumas que, pelo pioneirismo e funções desempenhadas ao longo de décadas, entraram para a história da cidade. É o caso de Vani Anacleto e Maria Dal Farra Naspolini, professoras que deixaram, cada uma à sua maneira, a digital cravada na vida de muitos estudantes.

Vani Anacleto: a primeira professora negra da história da Unesc

Não bastasse a transformação que causou na vida de seus alunos, a professora Vani Anacleto também entrou para a história como a primeira professora negra da Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense), de Criciúma. Um feito carregado de simbolismo, reconhecido inclusive em homenagem feita pela instituição, mas resultado de anos de paixão pela educação.

Com histórico de professores em sua família, Vani relembra que sempre foi incentivada pela mãe a estudar. A diretora da escola onde estudava quando criança, Clotilde Lalau, era uma referência. “Na minha casa, esse nome era muito reverenciado. Havia algo nela que me chamava muito atenção”, contou. No Ensino Médio, mais uma influência: dessa vez na Educação Física, caminho por onde seguiu enquanto profissional.

“Foram 21 anos dentro do curso de Educação Física da Unesc, além de 32 anos como professora do Estado. Também fui diretora de escola e secretária da Educação em Treviso. Digo que não trabalhei ou carreguei fardo algum, porque foi tudo muito bom. Uma época muito boa, de pessoas iluminadas que encontrei na minha vida e que me ajudaram na minha caminhada. Digo que me diverti enquanto trabalhei, porque foi muito prazeroso”, declarou.

Vani diz entender a importância de ter sido a primeira professora negra da história da Unesc. Da mesma forma, valoriza o reconhecimento que a universidade lhe concedeu, com uma pintura do seu rosto estampada em uma das paredes do bloco administrativo.

“Aquela homenagem e reconhecimento para mim ainda em vida. Não tem noção do que significou para mim. Para toda uma geração de mulheres negras que estão na luta, que desejam e querem”, afirmou.

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Maria Dal Farra Naspolini: a primeira e única mulher vice-prefeita em Criciúma

Assim como Vani, Maria Dal Farra Naspolini também fez história em Criciúma. A professora, que construiu toda a sua carreira em torno da educação, foi a primeira e única mulher a ocupar o executivo da cidade, quando foi vice-prefeita na gestão de Paulo Meller, entre 1997 e 2000.

A sua história com a educação, no entanto, surgiu muito antes da relação com a política. A mãe de Maria era professora de escola isolada e dava aula no terreno de casa para três turmas ao mesmo tempo: primeiro, segundo e terceiro ano. A menina, na época, não frequentava diretamente a sala, mas ficava pelo entorno e acabou sendo alfabetizada de tanto ouvir a sua mãe lecionar.

“Eu ia para lá e ficava em volta da escola esperando as crianças saírem para poder brincar junto. Aí eu ouvia a minha mãe alfabetizando a primeira série, foi quando acabei sendo alfabetizada também”, disse. “Minha mãe foi um modelo para nós, um exemplo de professor dedicado que tem que dar conta de três turmas, trabalhar bastante e ser bem criativo. Eu cresci dizendo que ia ser professora, desde pequena”, completou.

E de fato foi. Tão logo concluiu o Ensino Médio, Maria começou a dar aula. Ela tinha apenas 19 anos quando passou no concurso e se tornou professora, em 1964. Anos mais tarde, no início dos anos 1970, ingressou no curso superior de Ciências Biológicas da Fundação Educacional de Criciúma (Fucri), instituição que veio a se tornar Unesc. Era o início de muitos anos, que acabariam se tornando em décadas, de trabalhos prestados à educação criciumense.

“Eu entendia que era a minha missão no mundo, ser professora. Tinha um relacionamento com os alunos, com todos eles, de mãe para filho. E você sabe o que é de mãe para filho, você quer que ele aprenda, que vá para frente. Quando chegava no fim de semana, se eu percebia que um aluno não estava aprendendo, eu levava ele para casa com autorização dos pais e ficava lhe ensinando até ver que ele tinha aprendido, para acompanhar os colegas. Era esse o meu trabalho, o qual fazia com prazer”, afirmou.

Foi por conta de seu trabalho com a educação, que Maria se tornou vereadora no início dos anos 90. Dizia que não gostava de política, mas tinha o interesse de mudar a educação estando em um cargo político. Tratou do assunto durante os quatro anos em que esteve na Câmara e, quando se tornou vice-prefeita, continuou levantando esta bandeira.

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O que é ser professor

Quando questionadas sobre “o que é ser professor”, Vani e Maria refletiram de maneira bastante próxima. Ambas acreditam que a profissão não está limitada à sala de aula ou aos conteúdos dos livros, mas, sim, conectada à formação das crianças e adolescentes.

“Se tem algo que me deixa muito feliz ainda hoje é pensar na profissão de professor”, disse Vani. “Ser professor é ir além de ensinar. É também ajudar na caminhada do aluno, e falta, muitas vezes, isso para o professor: tomar ciência da sua posição e função social. Ser professor é ir muito além de ser. Eu sou um educador, alguém que transforma a sociedade e que faz o caminho junto”, completou a professora.

“Tenho uma admiração profunda pelos professores, que encaram essa missão de transferir conhecimento. O conhecimento que você adquire e não transfere, não vale para nada. Mas não é só isso. As maiores pessoas do mundo às vezes foram os piores governantes porque não tiveram, junto desse conhecimento, a formação que precisam enquanto seres humanos. É preciso ter várias características e superar as dificuldades. Vocês, professores, lidam com o ser humano na melhor idade da vida deles, para os formarem como seres humanos íntegros e corretos”, declarou Maria.

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