Educação
“É o princípio do fim da educação”, diz professor sobre nova média global nas escolas
Nova normativa do Governo do Estado é vista como “tiro no pé” por parte de alguns educadores
Por
Matheus Machado
Santa Catarina implementou um novo critério para aprovação de estudantes na rede pública estadual: a “média global”. Com essa mudança, as notas de cada disciplina serão somadas e divididas pelo número total de matérias cursadas, resultando em uma média que definirá a aprovação, desde que o aluno atinja, no mínimo, a nota 6,0. Assim, desempenhos insatisfatórios em uma matéria poderão ser compensados por boas notas em outras.
A reportagem conversou com o professor Rafael Ferrandin, que atua na Rede Estadual de Ensino e deixou sua opinião. “Não é de hoje que a educação pública vem sendo cobaia para o Estado. A média global é muito prejudicial para o ensino dos nossos jovens, pois o impacto dela é bastantenegativo. Eu diria que é o princípio do fim da educação em Santa Catarina”, criticou o educador.
Ele alega que nos novos moldes, um aluno pode acabar saindo da escola sem saber fazer um simples cálculo matemático. Para Rafael, a média global faz com que os alunos se acomodem nas avaliações. “Hoje, quando você passa qualquer atividade, a primeira pergunta é: professor, vale nota? Infelizmente é isso, não temos uma cultura de conhecimento. Não estudamos para aprender, porque vai agregar no meu futuro, temos a cultura de recompensa que é a nota. Quando você tira isso, eleva uma acomodação gigantesca do aluno, que infelizmente já existe”, pontuou o professor.
“O que era ruim piorou. Falar sobre o papel do professor nesse novo cenário também é difícil pois também fomos pegos de surpresa. Não foi algo implementado para o próximo ano. Simplesmente foi jogado para nós, sem um esclarecimento técnico por parte do Estado. O que a gente entende é que essa normativa vem para tentar amenizar a nota baixa que veio do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) neste ano”, ressaltou. A medida citada por Ferrandin já está em vigor e foi oficializada no Diário Oficial da terça-feira (29), alterando uma resolução de 2016. Com relação ao Ideb, que indica a qualidade educação básica brasileira, SC esteve 28% abaixo do esperado, atingindo a nota de 3,8, enquanto o esperado era, no mínimo, 5,3.
O professor Rafael critica o método adotado, uma vez que aumentar a taxa de aprovados no estado não fará com que o índice de conhecimento dos alunos cresça. “A aprovação por si só é um tiro no pé. Lá na frente vamos colher os frutos dos alunos que vão sair sem saber nada da escola”, declarou.