Educação
Negligência e descuido: o caso da criança da Afasc
Representantes deram detalhes do episódio que culminou na demissão de professoras
Na última quarta-feira (05), um episódio envolvendo uma criança de menos de dois anos que foi vista por moradores chorando, e sozinha, no pátio de um Centro de Educação Infantil (CEI) de Criciúma repercutiu na região. No desenrolar do ocorrido, as duas professoras responsáveis pela turma onde se encontrava o aluno foram demitidas pela Afasc (Associação Feminina de Assistência Social de Criciúma). O caso, segundo reforçaram representantes da entidade, foi tratado como negligência e descuido.
Em entrevista concedida a Rádio Cidade em Dia na manhã desta sexta-feira (07), o diretor Administrativo da Afasc, Juceli Alano, e a coordenadora do Departamento de Educação Infantil, Thaís Freitas, deram detalhes do que conseguiram apurar sobre o caso – ocorrido no Centro de Educação Infantil Aníbal Maria di Frância, no bairro São Francisco.
Juceli relata que os dois receberam uma ligação da diretora informando o problema no CEI. Ele e Thaís foram até o local, ouviram o relato da diretoria e checaram as imagens das câmeras de segurança. Constataram que, em uma turma com 14 crianças, as duas professoras responsáveis retiraram os alunos da sala para que pudesse ser feita a limpeza. Nesse momento, ocorreu o descuido.
“Não perceberam uma criança que saiu engatinhando para a rua. Relatou-se que ela foi até a grade e começou a chorar. Populares ao redor viram a situação, pularam a grade e foram chamar a atenção da direção para atender o caso. A primeira coisa que fizemos foi dar suporte à criança e a família, em seguida afastamos as professoras para abrir uma sindicância e apurar os fatos”, declarou Juceli.
Thaís afirma que a sala não estava superlotada e que o número de 14 alunos costuma ser comum para o Grupo 1 (que lida com crianças de 1 ano a 1 ano e 11 meses). No entanto, segundo a coordenadora, as professoras cometeram um ato de negligência ao retirar os pequenos para um outro espaço, fora da sala, durante a limpeza.
“Foi uma negligência, porque temos no regimento interno da Afasc que no momento em que a sala está sendo limpa a criança não pode ser deslocada. Os nossos produtos de limpeza hoje não tem cheiro por isso. As crianças precisam ficar no tatame, porque no momento em que o piso está sendo limpo, o tatame já está pronto”, explicou. “Nesse caso em si, elas deslocaram as crianças da sala para a limpeza”, completou.
O CEI do bairro São Francisco possui uma porta de vidro que faz ligação ao pátio da entidade. Segundo a coordenadora, esse acesso não pode ficar aberto enquanto as crianças estão no Centro de Educação – mas, naquele momento, estava. Foi então que, em um momento descrito como de descuido, a criança saiu engatinhando e foi parar na grade – em uma ação que durou cerca de 4 minutos.
Cerca de 6 mil crianças em 40 unidades de educação
Segundo Juceli, atualmente existem 40 centros de educação infantil em Criciúma, os quais atendem aproximadamente 6 mil crianças. São 1.025 professoras e 186 estagiárias para dar conta de todas as unidades. Segundo Juceli, o número de docentes é suficiente – ainda que exista um processo seletivo para novas contratadas.
O regimento diz que, em toda sala, é necessário um professor para cada sete alunos. Em caso de falta de docentes, outros de outras unidades são deslocados para poder suprir a demanda.
“Pelas informações que recebo, não temos falta de professores. Conversando com nossas orientadoras, disseram que esse ano foi o melhor em termos de professoras no quadro. Claro que existem professores que passam em concurso da Prefeitura e outros serviços e pedem demissão, mas quando existe esse problema a gente automaticamente já bota um professor no lugar”, afirmou Thaís.