IA ameaça empregos femininos no Brasil

A transformação digital impulsionada pela inteligência artificial (IA) representa um novo desafio no mercado de trabalho, afetando de forma desproporcional as mulheres. Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 9,6% dos postos de trabalho femininos no Brasil devem sofrer impactos diretos com a adoção de tecnologias inteligentes, enquanto entre os homens esse percentual é de apenas 3,5%.

As áreas mais suscetíveis à automação são justamente aquelas com maior presença feminina: serviços administrativos, atendimento ao público, comércio e atividades operacionais da indústria. Essas funções tendem a ser substituídas por sistemas automatizados ou plataformas digitais que exigem menos intervenção humana.

A vulnerabilidade das mulheres à automação está associada não só à natureza dos empregos ocupados, mas também a desigualdades históricas no acesso à qualificação e à tecnologia. A maior parte das trabalhadoras ainda ocupa cargos com menor exigência técnica, o que aumenta o risco de substituição por máquinas ou softwares.

A crescente digitalização exige um movimento coordenado de requalificação profissional. Capacitação em áreas como ciência de dados, lógica de programação e habilidades digitais será essencial para que as mulheres possam se manter ou se reposicionar no mercado de trabalho.

Organizações como o SENAI, o Sistema S e universidades públicas e privadas são peças-chave na oferta de cursos que preparem as trabalhadoras para essa nova realidade. Políticas públicas voltadas à inclusão tecnológica das mulheres podem ser decisivas para reduzir a disparidade de gênero no novo cenário profissional.

A inteligência artificial não é neutra: ela impacta de maneira desigual diferentes grupos sociais. Para que a revolução digital seja também uma oportunidade de equidade, é urgente investir em políticas de requalificação que incluam e valorizem o trabalho feminino.