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‘Mulher não dá conta de tudo’, diz advogada

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Imagem: Kelley Alves

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‘Mulher não dá conta de tudo’, diz advogada

Maternidade e carreira: no Dia da Mulher, Gabriela Schelp fala sobre culpa, desafios e a luta por mudanças na política e na sociedadec

Mãe, advogada, professora e militante político-social, Gabriela Schelp equilibra tudo isso na marra. Sem manual, sem mágica, sem ilusionismo. “A mulher sempre traz essa culpa. Foi imposto que a gente tem que dar conta de tudo, diferente dos homens. Eles falham, mas ninguém cobra. A gente falha e se culpa”, lembra.

Ela fala sobre a correria, as abdicações e as trocas que faz diariamente. Um mestrado em São Paulo? Teve que abrir mão porque não podia deixar o filho por seis meses. A viagem de trabalho? Vai, mas com o coração apertado. E a verdade, segundo ela, é que a conta nunca fecha. “O tempo das mães é diferente do tempo do resto das pessoas. Alguma coisa sempre vai falhar. E tá tudo certo”, tranquiliza.

Na política, o jogo é ainda mais duro. “Mulher na política cria couro. Se não aguentar, não fica ali”, afirma. O ambiente ainda é majoritariamente masculino e cheio de desafios. Mas há avanços. Santa Catarina teve um aumento de 22% no número de prefeitas eleitas em 2024. O total de vice-prefeitas cresceu 83%. Mesmo assim, na Assembleia Legislativa, só três mulheres foram eleitas entre 40 deputados. “Ainda estamos no modo sobrevivência”, ilustra.

A solução ainda é mobilizar. Também ciente disto, no dia 26 de março, a advogada organiza a 9ª edição do Encontro da Mulher Parlamentar, em Florianópolis. O evento traz um tema urgente: a violência contra a mulher. “O combate à violência precisa começar nas cidades. Não dá pra esperar uma grande operação nacional. A mudança tem que acontecer na mentalidade da sociedade”, pontua.

Os números confirmam a urgência. Santa Catarina registrou mais de 96 mil casos de violência doméstica em 2024. Isso significa 263 ocorrências por dia, o maior patamar dos últimos cinco anos. Os feminicídios caíram 10,5% em relação ao ano anterior, mas ainda assim, 51 mulheres foram assassinadas apenas no último ano. “Não podemos aceitar isso como algo normal”.

Entre culpas, batalhas e conquistas, Gabi, como é conhecida pelos mais íntimos, segue sem receita infalível, mas com uma certeza: a luta continua. “Se a gente não se proteger e se cuidar, quem vai fazer isso por nós?”.

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