Economia
Retrospectiva: Construção civil consolida Itajaí
A melhoria dos padrões construtivos garantem ao município o quarto metros quadrados mais valorizado do Brasil
O potencial da indústria da construção civil em Itajaí se mostra pelos altos índices de empregabilidade e pela valorização do metro quadrados comercializado no município. O setor encerrou o ano com a quarta posição no ranking nacional de valorização imobiliária, segundo o Índice Fipezap, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o portal Zap Imóveis, divulgado em dezembro, com o valor de R$ 11.718,00. Perde apenas para Balneário Camboriú, no topo da lista, seguido por Itapema e Vitória, no Espírito Santo.
Com relação a geração de empregos, o setor empregou 6.411 pessoas entre janeiro e setembro, mês do último relatório divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A indústria da construção civil de Itajaí ocupa a 5ª posição no ranking catarinense e 3ª sendo analisados apenas os municípios que compõem a microrregião da Amfri.
A região cria quase um terço dos empregos de Santa Catarina. Itapema está à frente, com 9962 empregados e 1759 vagas criadas até setembro. Em seguida, vem Balneário Camboriú, com estoque de 7743 postos de trabalho no setor e mais de mil vagas novas. Em Itajaí, são 6411 empregados e saldo de 605 novas contratações.
Números do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) da Foz do Rio Itajaí, com base nos dados do Caged, em 2020 a construção civil tinha 4066 pessoas formalmente empregadas em Itajaí. Na comparação com o estoque atual, de 6,4 mil empregos, a alta foi de 57,6%.
Conforme o sindicato, a empregabilidade tem crescido gradualmente na cidade. O estoque de 4066 empregos em 2020 passou para 4625 em 2021. Em 2022, foram 5113 trabalhadores, total que avançou para 5806 em 2023. O ritmo mostra uma média de 12% de crescimento de empregos ao ano.
Nas cidades vizinhas que integram a base territorial do Sinduscon da Foz do Rio Itajaí, a construção civil também é destaque na economia, gerando empregos e novas oportunidades de negócios. Em Navegantes, o estoque atual de empregos cresceu 162% entre 2020 e 2024; Penha teve uma alta de 181% e, Balneário Piçarras, praticamente dobrou.
Além da geração de empregos e visibilidade nos mercados nacional e internacional, a construção civil movimenta toda uma cadeia produtiva que engloba fornecedores, construtores, corretores e prestadores de serviços. O desenvolvimento do setor também reflete em empreendimentos diferenciados, que atraem tanto investidores como moradores.
Plano diretor prevê a Itajaí do futuro
O crescimento acelerado de Itajaí exige dos seus governantes um planejamento periódico para readequar as atividades humanas às novas demandas do tempo histórico e o crescimento populacional, incrementado pela imigração. Se não respeitados esses limites, as áreas de preservação correm o risco de serem degradadas, os locais históricos descaracterizados, as praias ficarem sem sol na faixa de areia e a mobilidade urbana inviabilizada. Tudo isso sem travar a economia, desafio do plano diretor criado prometendo a Itajaí do futuro. É o desenvolvimento sustentável, que todos buscam, porém, poucos gestores conseguem alcançá-lo.
O novo plano diretor teve a coordenação técnica do arquiteto e urbanista Dalmo Vieira Filho, que já tinha feito a revisão do plano original em 1982. A nova versão foi elaborada tendo como premissa básica a uma preocupação maior em valorizar o centro histórico, ampliar e qualificar a preservação ambiental e garantir o crescimento da indústria e da logística com o porto, além de aperfeiçoar a conexão com os municípios vizinhos.
O estabelecimento de limites para a construção civil ao longo das praias Brava e de Cabeçudas – que concentram boa parte dos recursos naturais, com morrarias da mata atlântica, fontes d’água, restinga, lagoas e mirantes – também foi estabelecido no novo plano diretor. A ideia é manter de 80% a 90% da área preservada e equipar com playground, trilhas, espaço para piquenique e educação ambiental, unindo diversão e preservação.
Estão previstos para Itajaí quatro parques: Canto do Morcego (2,5 hectares) e Parque Linear do Ribeirão Cassino da Lagoa na Praia Brava (4,2 ha), ampliação do parque da Atalaia (de 19,5 para 24,6 ha), criado em 2007, e readequação do Parque da Ressacada, criado em 1982 (78 ha). A área do parque linear da lagoa às margens dos rios (30m) já é protegida pelo Código Florestal (APP). Quanto às construções, o urbanista garante que a Praia Brava tem um dos parâmetros mais rígidos do litoral brasileiro.
Sinduscon em novo momento
O empresário itajaiense Eduardo Luís Agostini da Silva, sócio-proprietário da CEG Empreendimentos, foi empossado em novembro na presidência do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon) da Foz do Rio Itajaí para o biênio 2025/2026. Eduardo sucede o empresário Fábio Inthurn, CEO da Lotisa Empreendimentos, e assumiu a entidade em um novo momento para o setor, que vem registrando um crescimento acima das médias estadual e nacional na região, o que gera desafios.
No entanto, as atualizações dos planos diretores e códigos de obras em municípios devem destravar e proporcionar um avanço ainda maior para o setor. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que os quatro municípios da área de abrangência do sindicato registraram nos últimos anos uma taxa de crescimento superior a 3% ao ano, enquanto a população do Brasil cresceu 0,6% e, de Santa Catarina, 1,2 %. “Itajaí, por exemplo, deve receber mais de 10 mil novos habitantes anualmente, o que implica uma demanda por mais de 3 mil novas moradias a cada ano. Precisamos estar preparados para essa demanda, que traz consigo desafios e oportunidades para o setor da construção civil”, pontua o presidente empossado.
Fábio Inthurn, por sua vez, diz que deixa a presidência do Sinduscon com a sensação de dever cumprido. “Foi um período desafiador, trouxemos inovações para o sindicato, agendas de capacitação, aprovamos importantes leis junto com a sociedade civil, entre outras ações que contribuíram para a atual realidade do setor”, destaca.
Fábio acrescenta que o mercado da construção civil vem crescendo bastante da área de atuação do Sinduscon da Foz do Rio Itajaí-Açu e exemplifica com o case de Itajaí, que apresenta índices superlativos. “Chegamos ao final do ano com o quarto metro quadrado mais valorizado do Brasil, o que vejo como um motivo de orgulho e que, ao mesmo tempo, mostra quanto nossa cidade é desejada”, arremata.
Os prefeitos eleitos para o mandato 2025/2028 também comemoram os números da construção civil na região e destacam o papel crucial do Sinduscon nesse contexto. “A construção civil tem um papel fundamental no desenvolvimento da economia com a geração de empregos e oportunidades, temos um desafio muito grande com relação à questão habitacional e o Sinduscon tem um papel determinante nesse contexto”, destaca Robison Coelho, de Itajaí.
Libardoni Fronza, prefeito reeleito em Navegantes, diz que o sindicato tem um papel “importantíssimo” no desenvolvimento das cidades da foz do Rio Itajaí-Açu. “A força do Sinduscon tem alavancado o crescimento destas cidades, uma vez que o sindicato vem trabalhando junto com as prefeituras em prol do desenvolvimento”, afirma. Já Luizinho Américo, prefeito eleito de Penha, destaca o comprometimento do sindicato com a geração de trabalho e renda e o protagonismo da entidade no desenvolvimento regional.
Os quatro municípios que integram o Sinduscon da Foz do Rio Itajaí somam 9.932 empresas ligadas diretamente à indústria da construção, que respondem por 7,12% do total de carteiras assinadas. “Esses números ilustram a importância do setor para a economia regional, ao mesmo tempo que alertam para a responsabilidade que temos em garantir um desenvolvimento sustentável”, completa Eduardo Agostini.