especiais
Retrospectiva: Robison acaba com alternância de poder em Itajaí
Por 27 anos os ex-prefeitos Jandir Bellini e Volnei Morastoni dividiram o poder; nenhum dos dois conseguiu formar um sucessor
A alternância de poder é a base da democracia. No entanto, em Itajaí, maior economia de Santa Catarina, ela foi polarizada nos últimos 27 anos. Em um dos extremos esteve o ex-prefeito Jandir Bellini (PP) e, no outro, Volnei Morastoni (PT e depois MDB). Jandir saiu da cena política em 2016, quando entregou a gestão do município a Volnei, que por sua vez, entrega o município para Robison Coelho (PL). Com problemas de saúde, Volnei também deve se aposentar politicamente.
Robison Coelho elegeu-se prefeito de Itajaí com 63.476 votos (50,66%), tendo como seu vice-prefeito o vereador Rubens Angioletti, do mesmo partido. Ao todo, foram 132.659 votos, sendo 125.302 válidos. Houve 4.010 votos nulos e 3.347 em branco.
Robison já havia tentado o poder em 2020, em disputa com Volnei Morastoni e com apoio de Jandir Bellini, e perdeu por uma margem pequena, de apenas três mil votos. Só que em 2024 o então candidato contou com apoios de grande peso no cenário político catarinense: do governador Jorginho Mello e do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, ambos do PL.
Hoje com 46 anos, Robison ingressou na política em 2009, quando se filiou ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Presidiu a sigla em Itajaí entre os anos de 2013 e 2016, quando se candidatou pela primeira vez a um cargo eletivo e acabou vereador. Robison também agregou ao seu currículo para a última eleição municipal uma passagem pelo posto de secretário de Estado dos Portos, Aeroportos e Ferrovias.
Robison se formou em comércio exterior na Universidade do Vale do Itajaí (Univali) em 2000. É pós-graduado em Gestão de Produção e Operações pela Universidade Regional de Blumenau (Furb), tem MBA em Internacionalização de Empresas pela Univali e é mestre em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Duelo de Titãs
Desde as eleições de 1996, não se ouviam outros nomes na preferência popular para administrar Itajaí que não fossem os de Jandir Bellini e Volnei Morastoni. Ex-vereador e ex-deputado estadual, Jandir elegeu-se prefeito de Itajaí pela primeira vez em 1996 e assumiu em 1997 em sucessão a Arnaldo Schmitt Júnior (MDB). De lá pra cá, foram sete mandatos, quatro de Jandir e três de Volnei.
Na sucessão de Bellini, que foi reeleito em 2000 e ficou como prefeito até 2004, Volnei elegeu-se pelo PT, que foi a sigla pela qual ele havia sido eleito vereador e deputado estadual consecutivas vezes. Tentou a reeleição em 2012, ainda pelo PT, mas perdeu para Jandir que elegeu-se prefeito de Itajaí pela terceira vez e voltou a pilotar a cidade em 2009.
Ele exerceu as funções até 31 de dezembro de 2016 e, em outubro daquele ano, Volnei Morastoni, já filiado ao MDB, voltou à prefeitura, reelegendo-se em 2020.
Dinastias interrompidas
A impopularidade dos nomes pensados, tanto por Jandir Bellini, como por Volnei Morastoni, como sucessores naturais, acabou com as duas dinastias. O grande problema foi que os dois líderes políticos limitaram-se às próprias famílias.
Jandir escolheu a irmã Susi Bellini e Volnei, o filho Thiago Morastoni. Escolhas equivocadas que não passaram por um crivo bastante usado por políticos que buscam testar sua popularidade: o legislativo do Estado.
Susi elegeu-se vereadora pelo PP em 2008 e em 2010 disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, sem sucesso. Em 2012 Susi elegeu-se novamente vereadora em Itajaí, também pelo PP.
Com Thiago Morastoni não foi diferente, o que na verdade ocorreu foi uma alternância de partidos. Ele se elegeu vereador em Itajaí pela primeira vez em 2012 pelo PT e reelegeu-se em 2016 pelo MDB e, em 2022, pelo Podemos. Ele tentou uma vaga no legislativo estadual em 2022, mas não conseguiu.Já nas eleições de 2024 Thiago optou por não concorrer nem a vereador.