Chuva intensa reacende imaginário social da enchente de 1974 em Tubarão

O volume de chuva registrado esta semana superou 150 mm e o cenário, além dos alagamentos e da preocupação com o nível do rio, trouxe à tona um sentimento antigo da população: o medo de uma nova enchente.

Leticia Matos

Publicado em: 30 de outubro de 2025

5 min.
Chuva intensa em Tubarão reacende memória coletiva da enchente de 1974. - Foto: Matheus Machado/Rádio Cidade Tubarão

Chuva intensa em Tubarão reacende memória coletiva da enchente de 1974. - Foto: Matheus Machado/Rádio Cidade Tubarão

A forte chuva registrada em Tubarão nos últimos dias, ultrapassou os 150 milímetros — volume equivalente a todo o esperado para o mês de outubro. O alto índice pluviométrico trouxe à tona um sentimento conhecido dos moradores: o medo de uma nova enchente.

Mais de meio século depois da tragédia de 1974, quando o rio Tubarão transbordou e deixou dezenas de mortos e milhares de desabrigados, o fenômeno climático ainda ecoa na memória da cidade. As cenas de alagamentos e o acompanhamento atento do nível do rio reforçam uma relação simbólica entre o presente e o passado.

A chuva e o imaginário tubaronense

Para compreender o fenômeno, a professora Heloísa Junklauss, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Unisul e líder do Grupo de Pesquisas do Imaginário e Cotidiano, explicou ao jornalista Matheus Machado – da Rádio Cidade Tubarão, que o comportamento da população diante da chuva está ligado ao imaginário social.

“Quando começa a chover em Tubarão, especialmente uma chuva constante, é comum as pessoas se mobilizarem e irem à beira-rio acompanhar a elevação das águas. Esse gesto é parte do imaginário social, um conjunto de imagens e símbolos que dá sentido e coerência à realidade de um grupo”, afirma a docente.

Segundo a pesquisadora, mesmo quem não vivenciou a enchente de 1974 carrega imagens herdadas — relatos, fotografias e homenagens que reforçam o sentimento de pertencimento à cidade.

“É o que chamamos de imagem pregnante: um registro de memória que não se perde com o tempo, mas se fortalece e se ressignifica. Quando chove, a população vai às margens do rio em busca de controle simbólico da situação, revivendo e compartilhando essas memórias”, explica Heloísa.

Entre o medo e o pertencimento

Para a professora, o medo que ressurge em dias de chuva não é apenas prático, mas simbólico e coletivo. Ele une os tubaronenses pela memória e pela tentativa de compreender o presente à luz do passado.

“Mesmo com toda a tecnologia e as previsões meteorológicas, o que dá sentido aos moradores é estar ali, no ambiente, vendo e sentindo o rio. É uma forma de atualização simbólica das imagens do passado nos eventos climáticos do presente”, conclui.

Assim, a chuva em Tubarão vai além do fenômeno natural — ela se transforma em expressão cultural e emocional, que reforça a identidade de uma cidade marcada pela força de sua história e pela resiliência de seu povo.

Confira e reportagem completa.


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