Cometa 3I/ATLAS acende alerta internacional por comportamento incomum

Fenômeno atinge o ponto mais próximo do Sol nesta quarta-feira, dia 29 de outubro.

Leticia Matos

Publicado em: 27 de outubro de 2025

6 min.
Cometa 3IATLAS acende alerta internacional por comportamento incomum. - Foto: Divulgação/NASA

Cometa 3IATLAS acende alerta internacional por comportamento incomum. - Foto: Divulgação/NASA

O cometa interestelar 3I/ATLAS voltou a chamar a atenção da comunidade científica e de agências espaciais em todo o mundo. Com uma trajetória hiperbólica, o corpo celeste atingirá o periélio — ponto mais próximo do Sol — nesta quarta-feira, 29 de outubro de 2025, e já é considerado por astrônomos um dos objetos mais enigmáticos observados nas últimas décadas.

De acordo com o jornal argentino La Nación, a Nasa acionou protocolos de defesa planetária e emitiu alertas após constatar um comportamento incomum do 3I/ATLAS. O caso foi oficialmente comunicado no boletim MPEC (2025-U142), publicado pelo Minor Planet Center de Harvard, na última semana.

Exercício internacional de monitoramento

O comunicado informa que a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) coordenará um exercício de treinamento entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, com o objetivo de aprimorar as medições orbitais do cometa. Segundo a IAWN, o 3I/ATLAS apresenta “desafios únicos” para o rastreamento, exigindo cálculos precisos para prever sua trajetória nas próximas semanas.

A imprensa mundial solicita esclarecimentos à Nasa sobre os alertas, porém a agência está fechada desde o último dia 1º quando os Estados Unidos entraram em uma paralisação das atividades do governo federal, o chamado shutdown. A medida ocorreu após o impasse de democratas e republicanos na votação do novo plano orçamentário do país que prevê cortes na área da saúde, afetando programas sociais.

Um visitante de outra estrela

Descoberto em 1º de julho de 2025 pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert Survey System), instalado em Río Hurtado, no Chile, o 3I/ATLAS possui origem interestelar, ou seja, vem de fora do Sistema Solar. Essa característica o coloca ao lado de outros raros visitantes espaciais, como o Oumuamua e o 2I/Borisov.

Estudos com o Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram que o cometa tem uma composição química incomum, dominada por dióxido de carbono (CO₂) — uma proporção jamais observada em cometas conhecidos.

Química fora do padrão

O JWST detectou que o 3I/ATLAS contém cerca de oito vezes mais dióxido de carbono do que água, um índice que ultrapassa em mais de seis vezes o limite normalmente esperado para esse tipo de corpo celeste. Essa descoberta reforça a hipótese de que o cometa se formou em um ambiente extremamente frio e antigo, fora das fronteiras do Sistema Solar.

Além disso, o telescópio estimou que o núcleo sólido do 3I/ATLAS mede entre 320 metros e 5,6 quilômetros de diâmetro, com emissão de vapor d’água detectada a mais de 450 milhões de quilômetros do Sol — o equivalente a três unidades astronômicas.

O cometa mais antigo já observado

Simulações realizadas pela equipe de astrônomos responsáveis pela descoberta sugerem que o 3I/ATLAS pode ter mais de sete bilhões de anos, sendo, portanto, mais antigo que o próprio Sistema Solar. Essa idade o torna um verdadeiro “fóssil cósmico”, capaz de fornecer pistas sobre as condições do espaço interestelar nos primórdios da formação de planetas e estrelas.

Mesmo viajando a uma velocidade superior a 210 mil quilômetros por hora, o cometa representa nenhum risco conhecido à Terra. Ainda assim, seu comportamento atípico tem motivado um acompanhamento científico sem precedentes.


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