Um projeto considerado ousado e de grande impacto urbano está em fase de elaboração em Criciúma, no Sul de Santa Catarina. A proposta prevê a elevação dos trilhos da Ferrovia Tereza Cristina no trecho entre os bairros Milanese e Metropol, com investimento estimado entre R$ 250 milhões e R$ 270 milhões. A iniciativa também envolve o reassentamento de centenas de famílias que hoje vivem em áreas irregulares ao longo da ferrovia.
A informação foi confirmada pelo prefeito Vaguinho Espindola durante entrevista à Rádio Cidade em Dia 89.1 FM – do Grupo SCTODODIA de Comunicação, concedida ao jornalista Denis Luciano. Segundo o prefeito, o projeto conceitual já está em desenvolvimento e é conduzido pela empresa Prosul, especializada em engenharia e infraestrutura.
Estudo técnico aponta elevação como solução viável
De acordo com o prefeito, desde o início do ano a administração municipal avalia alternativas para resolver problemas históricos de segurança, mobilidade e ocupação urbana ao longo da linha férrea. A discussão ocorre paralelamente ao processo de renovação da concessão da Ferrovia Tereza Cristina junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
“A ferrovia também precisa realizar investimentos por questões de segurança. Aproveitamos esse momento para avançar no diálogo técnico”, explicou Vaguinho.
A prefeitura chegou a visitar Maringá, no Paraná, onde foi implantado um modelo de rebaixamento dos trilhos. No entanto, estudos de engenharia descartaram essa solução para Criciúma.
“Por características do solo, cota d’água elevada e a presença de rejeito piritoso, o rebaixamento não é viável aqui. O estudo deixou claro que a solução possível é a elevação do trilho”, afirmou o prefeito.
Obra pode se estender por até seis quilômetros
O projeto prevê a elevação da ferrovia em um trecho de aproximadamente cinco a seis quilômetros. Além da obra em si, o plano inclui a realocação de moradias irregulares, concentradas principalmente entre os bairros Pinheirinho e Tereza Cristina.
Nas demais áreas, segundo o prefeito, não há ocupações irregulares, o que reduz o impacto social e concentra os desafios na execução da engenharia.
Com a elevação dos trilhos, a área atualmente ocupada pela ferrovia deverá passar por uma profunda transformação urbana.
“Naturalmente, quase que nasce uma outra cidade naquele espaço”, destacou Vaguinho.
Novas avenidas e integração urbana
Entre as propostas associadas ao projeto está a criação de duas grandes avenidas paralelas à ferrovia elevada. Essas vias fariam a ligação do bairro Metropol até a região do Pinheirinho, com possibilidade de conexão direta com o município de Içara.
A proposta busca melhorar a mobilidade urbana, integrar bairros hoje separados pela linha férrea e reduzir conflitos entre o tráfego ferroviário e o trânsito urbano.
Recursos federais e internacionais
O custo estimado da obra gira entre R$ 250 milhões e R$ 270 milhões. Segundo o prefeito, os recursos deverão ser buscados junto ao Orçamento Geral da União (OGU), além da possibilidade de captação junto a organismos internacionais.
“O projeto ficando pronto, eu coloco ele debaixo do braço e vou fazer o que sempre fiz: captar recursos para Criciúma”, afirmou.
Importância produtiva e logística
Além dos aspectos urbanos e sociais, Vaguinho destacou a relevância estratégica da obra para o futuro produtivo da região carbonífera. Segundo ele, a reutilização dos rejeitos de carvão — seja para geração de energia, produção de insumos ou até exploração de terras raras — pode aumentar significativamente o fluxo ferroviário.
“Nesse cenário, o trem pode passar de hora em hora. Sem a elevação, o impacto no trânsito de Criciúma seria muito grande”, alertou.
Para o prefeito, a elevação dos trilhos é uma medida necessária não apenas para segurança e mobilidade, mas também para garantir o desenvolvimento econômico e logístico da cidade nas próximas décadas.
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