A Diamante Energia, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), firmou um contrato para investir no desenvolvimento de microrreatores nucleares (MRNs) no Brasil. O aporte inicial é de R$ 50 milhões — R$ 30 milhões da Finep e R$ 20 milhões da própria companhia. O objetivo é criar uma tecnologia nacional que, no futuro, possa substituir gradualmente as usinas a carvão do Complexo Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, no Sul de Santa Catarina.
O coordenador do projeto, Adolfo Braid, afirma que a iniciativa pode posicionar o Brasil no cenário nuclear mundial. “Em suma, este projeto é o ponto de partida para que o Brasil construa sua própria soberania tecnológica no setor de microrreatores, garantindo competitividade e relevância no cenário nuclear global do futuro”, destacou.
Por que investir em microrreatores
O interesse da Diamante em energia nuclear surgiu durante os estudos sobre o futuro do Complexo Jorge Lacerda, que deve encerrar suas operações a carvão até 2040, conforme prevê a Lei 14.299/2022. Entre as alternativas discutidas, estão usinas a gás natural e, no médio prazo, a instalação de pequenos reatores modulares (SMRs).
Segundo a empresa, a infraestrutura atual — terreno de 3 milhões de metros quadrados, acesso à água, conexão elétrica e mão de obra — torna a região adequada para receber novas tecnologias. Além disso, o Sul do país é importador de energia de outras regiões, o que reforça a importância de soluções locais.
Próximos passos
Com os recursos liberados, o projeto avança para a assinatura de contratos com Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTs), que conduzirão grande parte das pesquisas. Também serão adquiridos equipamentos de longo prazo e construídas Unidades de Desenvolvimento Tecnológico (UDTs), que permitirão elevar a maturidade da tecnologia até o nível TRL-6.
Entre as frentes de pesquisa previstas estão:
- Combustíveis nucleares: produção nacional para garantir autossuficiência;
- Óxido de berílio: obtenção do material em alta pureza nuclear;
- Tubos de calor (heat pipes): domínio do projeto e operação em até três anos.
A expectativa é que um protótipo de microrreator possa operar em até três anos e a primeira unidade comercial em até oito anos.
Diferencial brasileiro
De acordo com Braid, os microrreatores têm como principal aplicação a energia distribuída. Eles podem estabilizar microrredes e abastecer regiões isoladas, locais estratégicos como data centers e áreas onde o Sistema Interligado Nacional (SIN) não chega. “É um modelo competitivo, capaz de atender regiões remotas e contribuir para o desenvolvimento”, explicou.
Além da Finep e da Diamante Energia, o projeto conta com a participação da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), da Terminus Pesquisa e Desenvolvimento e de nove instituições científicas e tecnológicas, entre universidades e centros de pesquisa.
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