Estudo aponta que manter Barra do Camacho aberta é chave contra enchentes

A pesquisa aponta que a principal causa das grandes enchentes registradas historicamente no município está diretamente ligada ao fechamento da Barra do Camacho — e não ao assoreamento do leito do Rio Tubarão, como se imaginava.

Eduardo Fogaça

Publicado em: 18 de dezembro de 2025

6 min.
Estudo aponta que manter Barra do Camacho aberta é chave contra enchentes. Foto: Divulgação

Estudo aponta que manter Barra do Camacho aberta é chave contra enchentes. Foto: Divulgação

Um estudo técnico conduzido pela Univinte Fucap acendeu um alerta importante para a segurança hídrica da região de Tubarão e do complexo lagunar. A pesquisa aponta que a principal causa das grandes enchentes registradas historicamente no município está diretamente ligada ao fechamento da Barra do Camacho — e não ao assoreamento do leito do Rio Tubarão, como se imaginava.

O trabalho foi coordenado por Expedito Michels, responsável pela Univinte Fucap, e desenvolvido com alunos do curso de Engenharia Civil, como parte das atividades de contrapartida social exigidas pelo programa FUMDES (Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior).

Batimetria revela rio em boas condições

Segundo Michels, a equipe realizou uma batimetria detalhada do Rio Tubarão, entre a divisa do município e a cidade de Laguna. Ao todo, foram levantados cerca de 4.900 pontos de leitura, em um dos estudos mais completos já realizados no trecho.

O resultado surpreendeu: o rio apresenta profundidade média entre 5 e 7 metros, indicando que a cheia de 2022 acabou “limpando” o fundo do leito, devolvendo-o a condições próximas das originais.

“Os pescadores começaram a relatar que a tarrafa demorava mais para chegar ao fundo, e empresas que retiram areia já não precisavam mais esperar a maré subir. Isso nos chamou a atenção”, explicou Michels.

Então, por que continuam ocorrendo enchentes?

Com o bom estado do leito principal do rio confirmado, a equipe passou a investigar outros pontos críticos do sistema de drenagem. A conclusão foi clara: o gargalo está no canal que deságua no Camacho e, principalmente, na Barra do Camacho.

De acordo com o estudo, até dois metros acima do nível normal, a Barra da Laguna consegue escoar o volume de água do Rio Tubarão. Acima disso, o fluxo se inverte e a água busca saída pela Barra do Camacho. Quando essa barra está fechada, ocorre o represamento, agravando as enchentes.

Histórico confirma o problema

O levantamento também analisou registros históricos e constatou um padrão preocupante. As grandes enchentes de Tubarão — em 1836, 1887, 1928, 1974 e 2022 — ocorreram justamente em períodos em que a Barra do Camacho estava fechada.

“Em todas essas situações, a barra estava obstruída. A história, a ciência e os dados técnicos mostram a mesma coisa: manter a Barra do Camacho aberta é fundamental”, afirmou Michels.

Soluções técnicas são viáveis

O estudo aponta duas áreas críticas de assoreamento no canal do Camacho: na foz da barra e em um trecho conhecido como “Buraco da Vaca”, antes da ponte. Para resolver o problema, Michels defende alternativas viáveis, como:

  • Uso de draga estacionária instalada na margem;
  • Equipamentos semelhantes aos já utilizados por trabalhadores locais na extração de areia;
  • Emprego de pequenas balsas para operação contínua.

Segundo ele, os próprios alunos bolsistas podem atuar na execução técnica como parte da contrapartida social exigida pelo FUMDES.

Relatório já foi entregue às autoridades

O relatório completo foi encaminhado à Defesa Civil e à Prefeitura de Laguna. A administração municipal demonstrou interesse em buscar parcerias com outros municípios do complexo lagunar, já que o problema afeta toda a região.

Para Michels, o envolvimento do Governo do Estado é essencial para viabilizar a solução de forma integrada.

“Não é só uma questão ambiental. É desenvolvimento econômico. Investidores precisam de segurança. Depois da enchente de 1974, a região perdeu muitos investimentos. Se queremos crescer, precisamos cuidar dessa terra”, concluiu.


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