A combinação de fenômenos naturais — maré alta, lua cheia e ventos intensos — provocou graves danos em cidades litorâneas de Santa Catarina e levou ao menos sete municípios a decretarem situação de emergência em 2025. O cenário, segundo especialistas, reflete os efeitos das mudanças climáticas e o avanço desordenado da ocupação costeira.
De acordo com Frederico Rudorff, gerente de monitoramento e alerta da Defesa Civil de Santa Catarina, os fenômenos se intensificaram desde março, causando erosão, destruição de estruturas e alagamentos em áreas urbanas e turísticas.
As cidades que já emitiram decretos de emergência são Passo de Torres, Balneário Barra do Sul, São Francisco do Sul, Garopaba, Itapoá, Barra Velha e Itapema. A capital, Florianópolis, também avalia adotar a medida após registrar grande avanço do mar em praias do Norte da Ilha, como os Ingleses, onde 12 imóveis foram atingidos e parte da obra de alargamento da faixa de areia, concluída em 2023, foi destruída.
“Nós temos maré alta associada à lua cheia, o que amplifica a altura da maré. Além disso, o vento sul provoca o empilhamento da água do mar no nosso litoral, e o mar agitado, com ondas acima de 1,5 metro, agrava a situação”, explicou Rudorff.
Impacto das mudanças climáticas
O professor Rodrigo Rodrigues de Freitas, da Unisul, destaca que a intensificação dos eventos climáticos extremos está diretamente relacionada às mudanças no clima e à degradação dos ecossistemas costeiros.
“Manguezais, dunas e restingas funcionam como barreiras naturais contra o avanço do mar, mas têm sido ocupados de forma irregular. Obras de engenharia não resolverão o problema; é preciso preservar esses ambientes de transição para absorver os impactos”, afirmou.
Já o oceanógrafo Paulo Horta, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), alerta para os erros históricos no gerenciamento costeiro.
“Vivemos praias que passam fome, pois foram privadas de boa parte do sedimento que precisavam. A urbanização, a mineração e as barragens reduziram o fluxo de areia que alimenta o sistema costeiro”, explicou.
Estragos em Itapema
Em Itapema, uma das cidades mais atingidas, a ressaca das últimas semanas destruiu quiosques, calçadões e passeios públicos, especialmente nas orlas da Meia Praia, Ilhota e Centro. A Defesa Civil registrou afundamentos e deslizamentos e interditou acessos às praias.
O decreto de emergência foi publicado na terça-feira (7), a menos de dois meses da temporada de verão.
O fenômeno evidencia a necessidade de políticas permanentes de adaptação climática e ordenamento urbano, especialmente nas regiões costeiras de Santa Catarina, onde o avanço do mar vem provocando danos cada vez mais frequentes e severos.
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