Justiça
Zanin julga Bolsonaro no STF com críticas passadas
Ministro do STF, ex-advogado de Lula, enfrenta no caso de Bolsonaro os mesmos métodos que contestou na Lava Jato
O ministro Cristiano Zanin, atual presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), será um dos responsáveis pela análise da denúncia e julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Zanin se destacou no passado por suas críticas à condução dos processos que levaram à condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Operação Lava Jato.
Segundo o Jornal de Brasília, No STF, há expectativa de que o julgamento de Bolsonaro ocorra em ritmo acelerado, com encerramento ainda este ano. O objetivo declarado é evitar possíveis repercussões do caso durante a corrida eleitoral de 2026. No entanto, a defesa do ex-presidente já sinalizou que pretende contestar prazos e questionar os procedimentos adotados ao longo da tramitação.
Zanin atuou como advogado de Lula nos casos da Lava Jato. O processo do tríplex do Guarujá (SP), que resultou na condenação do petista, foi um dos mais rápidos a serem concluídos na primeira instância e chegar ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), conforme apontado à época pela imprensa. No TRF-4, o caso também tramitou com agilidade incomum, garantindo que Lula estivesse inelegível e preso antes das eleições presidenciais de 2018.
Para assegurar a rapidez na análise do caso de Bolsonaro, o julgamento ficará sob responsabilidade da Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes (relator do processo), Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Com isso, os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados pelo próprio Bolsonaro, não participarão da decisão. Ambos, em casos relacionados ao 8 de janeiro, têm adotado posições mais brandas em relação às condenações e penas.
Zanin ganhou notoriedade nacional por sua atuação na defesa de Lula, especialmente nos processos do tríplex e do sítio de Atibaia (SP). Durante esses julgamentos, ele frequentemente denunciava o que considerava atropelos e falta de isonomia no tratamento concedido às defesas em comparação à acusação.
Procurado para comentar o caso, o ministro não se pronunciou por meio da assessoria do STF.