Animais e equilíbrio ambiental: lições para SC
Em entrevista, especialista relaciona casos em Santa Catarina com impactos de espécies como cobras, pinguins e baleias
O programa Notícias da Cidade desta quinta-feira (21) recebeu o professor Joares May, mestre em Epidemiologia Veterinária pela USP, para uma conversa sobre o papel dos animais na manutenção dos ecossistemas. De forma didática, o especialista trouxe exemplos que vão desde serpentes comuns em áreas urbanas até baleias, elefantes e girafas.
O bate-papo começou a partir do registro de uma cobra encontrada dentro de uma residência em Santa Catarina. Joares explicou as diferenças entre espécies peçonhentas e não peçonhentas, ressaltando que muitas delas são fundamentais no controle de roedores, contribuindo diretamente para o equilíbrio da Mata Atlântica e das áreas de restinga do estado.
Outro destaque foi a morte de dezenas de pinguins no litoral catarinense, fenômeno que ocorre anualmente durante a migração dessas aves. Segundo o professor, fatores como o frio intenso, correntes marítimas mais fortes e o cansaço extremo explicam a chegada de animais debilitados às praias. Ele lembrou que, apenas em Florianópolis, mais de 200 pinguins foram encontrados mortos em poucos dias neste inverno.
A entrevista também abordou a importância das baleias, cuja presença no litoral catarinense tem aumentado nas últimas décadas após o fim da caça. O professor destacou que os animais liberam nutrientes ao mar durante suas viagens, fortalecendo a cadeia alimentar marinha que beneficia espécies como tainhas e camarões, base da pesca artesanal em Santa Catarina.
O especialista ainda relacionou exemplos de outros continentes, como o papel dos elefantes e hipopótamos na transformação da paisagem africana e a função das girafas na dispersão de sementes. Para Joares, compreender esses processos ajuda a valorizar a biodiversidade e a relação direta entre fauna e qualidade de vida humana.
“A morte de pinguins ou o encalhe de baleias podem gerar comoção, mas fazem parte de ciclos naturais. Cabe ao ser humano reduzir interferências negativas e proteger os ecossistemas para que o equilíbrio se mantenha”, concluiu.