Meio Ambiente
Área de 7,5 hectares pode ser desmatada em Criciúma
A construção de um empreendimento no Morro Cechinel, em Criciúma, gera mobilização contra o desmatamento de 7,5 hectares de Mata Atlântica
Um abaixo-assinado contra a construção de um grande empreendimento imobiliário no Morro Cechinel, em Criciúma, está em andamento, mobilizando moradores e ambientalistas preocupados com o impacto ambiental. A área, equivalente a cerca de 20 campos de futebol, será desmatada para dar lugar ao novo projeto, que se soma a outro empreendimento já em construção na região.
Em entrevista ao programa Em Dia Com a Cidade, da Rádio Cidade em Dia, o biólogo Vitor Bastos destacou os graves impactos dessa intervenção. “Estamos falando de 7,5 hectares de desmatamento, o que causará um grande impacto visual e ambiental. Além disso, há outro condomínio sendo licenciado na área, também de grande dimensão”, afirmou o biólogo, reforçando que a situação é alarmante.
Bastos lembrou que a área em questão era classificada como zona de biodiversidade, de acordo com o plano de manejo realizado pela Unesco em 2018, que apontava a necessidade de preservar a fauna e flora locais. No entanto, uma mudança no zoneamento, feita pelo Conselho de Desenvolvimento Municipal (CDM), reclassificou o lote para zona de uso intensivo, permitindo a construção de loteamentos sem que houvesse estudos técnicos que justificassem tal alteração.
O biólogo também fez críticas à composição do CDM, que é formado majoritariamente por representantes de empresas, especialmente construtoras, o que levanta questionamentos sobre os interesses por trás das decisões. “Quando essas mudanças chegam à Câmara de Vereadores, poucos têm discernimento para entender a importância da área verde e votar contra. O único vereador que vinha se posicionando contra essas mudanças era uma exceção”, apontou.
O impacto do empreendimento não será sentido apenas na perda de biodiversidade, mas também na vida dos moradores do bairro Mina Brasil, que convivem com a área há décadas. Bastos ressalta que o desmatamento vai alterar drasticamente o visual da região, comprometendo a qualidade de vida local e a paisagem da cidade. “Estamos falando de uma área que faz parte da Mata Atlântica e é prioritária para a conservação”, alertou.
A mobilização contra o projeto segue, com uma reunião marcada para esta quinta-feira (24), entre moradores e a vereadora Giovana Mondardo, em busca de alternativas para preservar o que resta da área verde. A situação é descrita como urgente, e Bastos finaliza destacando a necessidade de que o desenvolvimento imobiliário seja incentivado em áreas apropriadas, sem comprometer regiões ambientalmente sensíveis como o Morro Cechinel.