Um pescador registrou uma cena considerada rara no litoral de Santa Catarina: a interação de orcas em meio a um grande bando com mais de cem golfinhos. O flagrante ocorreu nesta quinta-feira, dia 25, na região da Laje do Campo Bom, no município de Jaguaruna, no Sul do estado.
Embora a presença de orcas no litoral catarinense não seja inédita, o avistamento desses animais ainda é pouco frequente. Para explicar o fenômeno e contextualizar o comportamento observado, a reportagem ouviu a bióloga Dra. Karina Groch, diretora de pesquisa do Projeto Franca Austral e coordenadora do Projeto de Monitoramento de Praias, ambos realizados pelo Instituto Australis.
Orcas são golfinhos e têm comportamento específico
Segundo a especialista, apesar do nome popular “baleia-orca”, o animal pertence ao grupo dos golfinhos, por possuir dentes.
“As orcas são mamíferos marinhos do grupo das baleias e dos golfinhos, mas fazem parte dos golfinhos por terem dentes. Existem diferentes grupos de orcas, definidos principalmente pelo tipo de alimentação”, explicou.
De acordo com Karina Groch, há ecótipos que se alimentam exclusivamente de mamíferos marinhos, como baleias e golfinhos, e outros que se alimentam principalmente de peixes. No caso das orcas que ocorrem no litoral brasileiro, tudo indica que pertencem ao grupo que se alimenta de peixes.
Interação rara no litoral brasileiro
A interação registrada em Jaguaruna chama atenção justamente pela raridade. A bióloga destaca que, apesar de haver um ou dois registros de orcas por ano no Sul do Brasil, encontros desse tipo são incomuns.
“Essa interação entre orcas e golfinhos não havia sido registrada recentemente aqui na região. Ela pode acontecer em áreas onde as duas espécies coincidem, mas é algo difícil de ser observado no Brasil”, afirmou.
A especialista também relembra outros episódios no litoral catarinense, inclusive durante a temporada das baleias-franca, quando já houve registros de orcas próximas às baleias, sem qualquer sinal de agressividade.
Animais de passagem pelo litoral
De acordo com o Instituto Australis, as orcas não são animais costeiros e costumam circular mais afastadas da costa. Além disso, não são consideradas uma espécie migratória definida, podendo aparecer de forma aleatória ao longo do ano.
“Elas sempre vêm em busca de alimento. Não é possível prever se vão permanecer na região, se seguem para o Norte ou para o Sul, ou se retornarão”, explicou Karina.
Ainda assim, a especialista observa que os registros vêm se tornando mais frequentes nos últimos anos, com aparições em diferentes praias durante o deslocamento dos animais.
Recomendações aos banhistas e navegantes
A bióloga reforça que, apesar de não haver histórico de ataques de orcas a seres humanos, trata-se de animais selvagens e de grande porte, o que exige cautela.
A legislação brasileira determina que embarcações mantenham distância mínima de 100 metros de baleias e golfinhos. Para pessoas na água, a recomendação é não se aproximar a menos de 50 metros.
“O ideal é não interferir no comportamento natural desses animais. Eles são ágeis, rápidos e podem, mesmo sem intenção, causar acidentes durante uma movimentação brusca”, alertou.
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