Meio Ambiente
Pinguins-de-magalhães resgatados percorrem mais de 1.000 km até a Patagônia
Os animais, monitorados por rastreadores instalados, foram acompanhados durante a migração, fornecendo dados valiosos para a conservação da espécie
Cinco pinguins-de-Magalhães, resgatados e reabilitados pela ONG R3 Animal em Santa Catarina, completaram uma jornada impressionante de mais de 1.000 km até as colônias reprodutivas da espécie na Patagônia, Argentina. Os animais, monitorados por rastreadores instalados, foram acompanhados durante a migração, fornecendo dados valiosos para a conservação da espécie.
Monitoramento e rastreadores
Em 12 de dezembro de 2024, mais de 15 pinguins foram soltos na praia do Moçambique, em Florianópolis, após resgates realizados em diversas localidades do litoral catarinense, com a colaboração do PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos). Cinco dessas aves foram reabilitadas pela R3 Animal e equipadas com rastreadores para monitoramento de sua trajetória.
Os dados dos rastreadores são cruciais para o Projeto de Monitoramento de Pinguins-de-Magalhães por Telemetria Satelital (PMPTS), uma iniciativa que visa acompanhar a migração desses animais até a Patagônia, onde se reproduzem. O projeto é parte de um processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA e resulta de um convênio entre a Perenco e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), com apoio da BMP Ambiental e colaboração da Petrobras.
A jornada
A jornada dos pinguins-de-Magalhães já soma mais de 1.000 km. O primeiro boletim de monitoramento, divulgado em 10 de janeiro, indicou que quatro pinguins ainda estavam ativos: três na região do Rio da Prata, na fronteira entre Uruguai e Argentina, e um próximo a Pinamar, a cerca de 185 km da costa argentina. Em 17 de janeiro, o segundo boletim confirmou que dois animais ainda estavam enviando sinais e estavam a 191 km da costa argentina. O último relatório, publicado em 17 de janeiro, confirmou que todos os pinguins chegaram ao litoral argentino.
Desafios para a espécie
Os pinguins-de-Magalhães enfrentam grandes desafios durante sua migração. Entre o inverno e o outono, eles deixam a Patagônia em busca de águas mais quentes para se alimentar, chegando às costas brasileiras entre maio e outubro. Em Florianópolis, 2.710 pinguins foram registrados durante a temporada de 2024, mas apenas 5% estavam vivos no momento do resgate. A maioria dos pinguins encalhados já estava morta ou debilitada, não resistindo ao cansaço, desnutrição ou afogamento.
Além disso, as aves mais jovens, inexperientes, acabam se perdendo do grupo e encalham nas praias, muitas vezes em condições graves. Fatores humanos, como a poluição marinha e a pesca, também representam ameaças significativas para a sobrevivência desses animais.
Importância da conservação
Os dados obtidos através do monitoramento da migração dos pinguins-de-Magalhães são fundamentais para a implementação de ações de conservação e proteção da espécie. As pesquisas, como as conduzidas pela R3 Animal e a FURG, fornecem informações essenciais sobre os padrões de migração e as condições ambientais que impactam a vida desses animais, contribuindo para a criação de estratégias mais eficazes de proteção.