Redes de pesca ameaçam baleias e fauna marinha em SC
Recente período registrou casos de baleias enredadas em redes, debates sobre fiscalização e impactos fatais para animais marinhos
Nos últimos dias, a costa catarinense voltou a registrar cenas preocupantes envolvendo baleias-franca e outras espécies marinhas presas em redes de pesca. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em Palhoça, onde um vídeo viral mostra um homem tentando libertar uma baleia-franca e seu filhote usando uma prancha de stand up paddle. O cenário trouxe à tona um problema antigo, mas ainda muito presente: o risco da pesca com redes em áreas de berçário natural desses cetáceos.
Segundo Paulo Maués, superintendente do Ibama em Santa Catarina, a modalidade conhecida como pesca de emalhe, que utiliza redes verticais fixas ou à deriva, apresenta maior risco de enredamento porque estas redes capturam não só peixes, mas podem fisgar os grandes mamíferos marinhos. O perigo aumenta quando as redes são colocadas em rotas migratórias ou áreas de concentração das baleias durante a temporada, que ocorre entre julho e novembro.
O Ibama acompanha os casos no litoral catarinense e afirma que a maioria das baleias consegue se livrar sozinha, pois o movimento e o atrito rompem as redes com o tempo. Contudo, a preocupação persiste devido ao risco de ferimentos, afogamento e morte, principalmente do filhote que depende da mãe para respirar e se deslocar.
Além dos danos às baleias, as chamadas “redes fantasmas” — redes abandonadas ou perdidas — representam uma ameaça significativa à fauna local, capturando tartarugas, tubarões, peixes e causando a morte de muitos animais marinhos. A apreensão e fiscalização dessas redes têm sido constantemente reforçadas pelo Ibama, ICMBio e prefeituras, mas a complexidade da pesca artesanal e industrial dificulta o combate.
A repercussão do vídeo do resgate improvisado em Palhoça também destacou a controvérsia legal: o Ibama publicou uma portaria proibindo civis de retirar redes de animais marinhos sem autorização sob pena de multa de até R$ 2,5 mil. Isso visa garantir a segurança dos animais e das pessoas envolvidas em resgates.
No litoral catarinense, além do episódio em Palhoça, outro recente registro foi uma baleia-franca desesperada com rede na cabeça na Praia do Siriú, Garopaba, cuja filmagem chamou atenção para a urgência da fiscalização e prevenção de novos casos.
O perigo das redes perdidas e ilegais não atinge só as baleias: em todos os oceanos, espécies marinhas sofrem com aprisionamento, ferimentos e morte pela pesca fantasma. Em Santa Catarina, o problema é um fator crítico na conservação dos animais e na manutenção da biodiversidade.
Especialistas e órgãos ambientais reforçam a necessidade de que os pescadores evitem redes em berçários naturais da baleia-franca — como praias abrigadas e baías do litoral centro-sul — e que recolham seus equipamentos ao final da pesca, sempre com a identificação correta conforme a legislação, para minimizar os riscos.
Por fim, a população é orientada a jamais tentar retirada individual de redes em animais marinhos e, em caso de avistamento, acionar imediatamente o Ibama ou ICMBio pelos canais oficiais, garantindo que a proteção seja feita de forma legal e segura para todos.