Política
Bolsonaro pede desculpas a Moraes por acusações
Em depoimento ao STF, ex-presidente alegou que suas falas foram desabafo, sem provas de envolvimento de ministros em ilícitos
Durante um interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por ter sugerido, em reunião privada, que integrantes da Corte estivessem envolvidos em corrupção. Bolsonaro afirmou que não tinha provas das alegações e que suas palavras foram um desabafo, decorrente do contexto político do momento.
“Não tem indício nenhum, senhor ministro. Era uma reunião para não ser gravada. Foi um desabafo, uma retórica. Me desculpe, não tive intenção de acusar de qualquer desvio de conduta”, disse Bolsonaro, reiterando que, caso outros estivessem no lugar dos ministros, teria feito as mesmas críticas.
O ex-presidente também explicou que se sentiu cerceado durante a campanha eleitoral de 2022 e mencionou decisões da Justiça Eleitoral que, segundo ele, o impediram de usar imagens de eventos públicos. “Eu não podia basicamente fazer nada. Quase tudo era proibido”, reclamou.
Este depoimento faz parte do processo que investiga uma tentativa de golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Procuradoria-Geral da República considera Bolsonaro como líder de uma suposta organização criminosa, envolvendo militares e ex-integrantes do governo. A acusação também menciona o plano “Punhal Verde Amarelo”, que teria como alvo figuras como Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Na audiência de terça-feira, o STF também ouviu outros réus do chamado “núcleo crucial” da trama. O general Augusto Heleno permaneceu em silêncio, enquanto o ex-comandante Garnier confirmou ter se reunido com Bolsonaro, mas negou ter conhecimento de uma minuta golpista.