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EXCLUSIVO: Caio Tokarski fala pela primeira vez depois da prisão

Política
EXCLUSIVO: Caio Tokarski fala pela primeira vez depois da prisão
Foto: Reprodução/Rádio Cidade

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EXCLUSIVO: Caio Tokarski fala pela primeira vez depois da prisão

Ex-vice-prefeito de Tubarão concedeu entrevista exclusiva e falou sobre o escândalo da Operação Mensageiro

O ex-vice-prefeito de Tubarão que foi preso em decorrência da Operação Mensageiro em 2023, Caio Tokarski, concedeu uma entrevista exclusiva para o comunicador da Rádio Cidade Milton Alves de forma exclusiva. Esta foi a primeira manifestação pública do ex-mandatário desde sua liberdade concedida.

Caio, em uma primeira manifestação, fez questão de agradecer sua família que não lhe faltou durante o período em que esteve preso, e ressaltou que traçou como objetivo, desde o dia 1º de setembro de 2023 (dia da soltura), que voltaria a exercer a atividade profissional. Tokarski é advogado desde 2007 e está exercendo a profissão em seu escritório na cidade de Tubarão. “Ninguém é preparado para isto, você tem que se reinventar. E naquele momento, entendi que precisava dar atenção para a minha família primeiramente”, ressaltou Caio, que não participa das eleições pela primeira vez em 24 anos.

Tokarski alegou que recebeu outros convites para se manifestar, mas que preferiu falar à Rádio Cidade e que pretende não conceder outros depoimentos. “Não é uma resistência em querer falar, em dar entrevistas, mas é preciso ajustar algumas coisas que estão sendo ditas, que na maioria das vezes não condiz com a verdade. ‘Por que não foi candidato?’, ‘Por que está escondido?’, ‘Por que esse tá sem tornozeleira e aquele tá com?’. Tem algumas coisas que precisam ser colocadas”, explicou o advogado sobre a importância de se manifestar, mas ressaltando que não vai explanar detalhes do processo.

Questionado sobre trâmites e em que pé está o processo, Caio Tokarski falou que algumas diligências ainda devem acontecer como apontamentos restantes contra os acusados e também por parte das defesas, assim como laudos, perícias e situações levantadas que precisam ser elucidadas nesta etapa, para que finalmente seja aberto um prazo para as alegações finais. Ele explica que uma boa parte do processo foi conduzido pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), mas que a partir das renúncias, tanto dele como vice, como de Joares Ponticelli que era prefeito à época, o processo caiu para 1º grau. Neste momento, houve uma sequência onde seis juízes da região alegaram suspeição, onde não se sentiram imparciais para efetuar os devidos posicionamentos junto à Justiça. Tokarski alega que essa condição tem que ser respeitada, pois é um direito dos profissionais, e também comenta que de certa forma a situação atrasa o processo. “É natural que a situação se arraste por mais tempo. A tendência é que as diligências sejam sanadas e as alegações finais abertas”, explicou o advogado que também disse que não existe um tempo estipulado para a sequência dos fatos.

“Tenho plena confiança, não só minha, mas também da forma contribuímos para a cidade, tanto pelo prefeito Joares como também pelo Darlan, que era um grande membro da nossa equipe”, respondeu o ex-mandatário após ser perguntado sobre a sua defesa e inocência.

A não candidatura

O nome de Caio Tokarski era projetado para concorrer à prefeitura de Tubarão antes do escândalo envolvendo o município. Assim como o ex-prefeito Joares, não existe impedimento legal para concorrer nas eleições municipais de 2024. Ponticelli inclusive, é candidato a vereador no município. No entanto, o agora ex-político falou que não encontrou condições psicológicas para o pleito.

“Não me encontrava em condições psicológicas e pessoais. Tinha saído de um divórcio. Outra coisa que também foi inventada, que eu me separei para esconder patrimônio. Até isso foi especulado. Meu filho (11 anos), já tinha passado por essa situação pessoal, então minha prioridade não era a eleição. Também acho que não sirvo para ser político na conjuntura do Brasil atualmente. Não sou de direita, conservadora e extrema, também não sou de esquerda. Tenho uma conduta de respeitar todos, e o problema que o momento no país exige que as pessoas tomem um lado radical ou tomem um lado que não é o seu. Não estou condenando, mas estão votando em números, em coisas que não se sabe o que é. Tanto para um lado como para o outro. Não me vejo fazendo o ‘L’ e nem ‘fazendo arminha’, não sou isso”, ressaltou Caio sobre o motivo de não se candidatar em 2024.

Sobre Joares Ponticelli

O ex-vice de Joares falou que está respeitando a medida cautelar que impede qualquer tipo de contato entre os envolvidos no processo, seja com o ex-prefeito, com Darlan Mendes (ex-gerente de licitações do município) 0u qualquer outra testemunha. Mesmo assim, ele ressaltou a condição de candidatura de Ponticelli. “Ele tem todo direito, está candidato e acho que é um gesto de extrema grandeza da parte dele de colocar o nome à disposição. Para muitos seria uma humilhação, ‘descer’ ao mandato de vereador. Mas ele entendeu que é um recomeço”, falou Tokarski. Caio não quis afirmar nada sobre seu voto a Joares para vereador, mas declarou que torce para a sua eleição.

Sobre Gelson Bento

Caio elogiou a postura do presidente da Câmara de Vereadores de Tubarão, Gelson Bento, que no período em que prefeito e vice foram presos, assumiu interinamente o comando do município. “Você tem o líder, que é o prefeito, sendo preso. O mesmo com seu subsequente, que era eu. Não é fácil gerir o município de forma interina, sem saber se vai embora amanhã ou daqui a seis meses. Assim como também não é fácil para quem vem depois, que foi o Jairo (Cascaes). Você tem que adaptar a forma de gerir a outra equipe. Pega um grupo desconfiado, triste pelo que aconteceu. É muito difícil. Isso aconteceu em outras cidades também e essas pessoas pegaram o carro andando pra trocar um pneu”, destacou.

Sobre os candidatos a prefeito

O advogado não quis entrar no mérito da campanha dos atuais candidatos da cidade, já que a situação envolvendo a Mensageiro já foi citada durante algumas campanhas. Tokarski afirmou que não assistiu nenhum debate e se isolou da questão. “Me afastei para não fazer juízo de valor, não me sentir incomodado com outro ponto de vista diferente do meu. Penso que o efeito emocional, econômico, da linha de crescimento que estávamos tendo na altura do episódio, foi tão devastador quanto a enchente de 1974. Mas não para se colocar na conta de três pessoas. Eu não vou falar de candidato ‘A, B ou C’, mas penso que as pessoas buscam um líder para apontar a solução”, ressaltou o ex-vice-prefeito.

Caio também disse que pela primeira vez vai exercer seu direito de voto secreto e que não vai externar sua preferência para o próximo chefe do executivo. “Quero deixar claro que não tenho predileção nem rejeição a nenhum dos três. A candidata do PT (Maristela Francisco) me parece uma mulher muito corajosa, postura muito decente, uma autoridade, uma vontade. Sobre o ex-prefeito Carlos Stüpp (PSDB) nunca me viram falando mal dele, nunca precisei pedir desculpas para ele. Da mesma forma o Estêner Soratto (PL). Fui eu que botei o nome do pai dele na Arena Multiuso. Sempre tive uma relação com a família dele de muito respeito.

Medidas protetivas

Caio foi questionado sobre a questão do uso da tornozeleira eletrônica, uma vez que há poucas semanas Joares Ponticelli teve concedido pela Justiça o direito de não usar mais o monitoramento. Tokarski explicou que apesar de ser o mesmo processo, cada réu tem a sua “caminhada”. Ponticelli ficou menos tempo preso no comparativo com Caio, portanto, também ficou mais tempo usando a tornozeleira eletrônica. Em decisão conjunta com seus advogados, Tokarski e sua defesa entenderam que não era o momento para pedir liberação de tal medida. “Esperei que assumisse um juiz titular em Tubarão, para solicitar pelo menos ter um deslocamento maior na Amurel. Estou advogando em todas as áreas, exceto na criminal. Minha especialidade é a área pública. Aqui em Tubarão eu fico limitado devido à prefeitura. Isto foi colocado no pedido e tive a autorização de circular na região da Amurel e Florianópolis”, informou.

Ele disse que poderia entrar com o pedido do não uso da tornozeleira alegando a decisão favorável à Ponticelli, mas que prefere aguardar e respeitar o novo juiz e o judiciário. Tanto Caio como Joares, também não podem adentrar o Paço Municipal assim como não podem ter contato com documentos e processos ligados ao município. “Ao que me foi dado neste momento é suficiente para eu exercer minha atividade. Evidente que quero ir para qualquer lugar, não ser monitorado. Mas entendo que não é o momento. Vou dar tempo ao tempo”, declarou.

As mágoas que ficam

Questionado sobre mágoas e pessoas que adotaram uma postura não esperada, Caio disse que não pensa na situação: “Quando você sai de um processo desse, a tua energia é muito pequena. Sai muito machucado e enfraquecido. A energia que sobre, você tem que gastar com o que vale a pena. Evidente que tem coisas que machucam. Teve piadas com um problema de saúde que eu tenho, o que é muito triste. O deboche, a ironia. Isso aconteceu devido a um problema que eu tenho. Precisei de reposição de testosterona porque não tenho testículos e isso virou uma piada pra muitos. É uma situação delicada que eu superei, passou. Tirando isso, tem que guardar forças para o que importa”.

Preparado para o julgamento?

“Tento me preparar todos os dias. Se eu falar que estou pronto, é mentira. A vida é uma montanha-russa. Tem dias que você está empolgado, tem dias que bate uma depressão. Eu tenho procurado muita ajuda médica, religiosa. Mas eu falho ainda, por isso até o isolamento. Em muitos momentos não me sinto pronto”, confessou.

Sem arrependimentos

Caio Tokarski disse que faria “tudo outra vez” e que está com a consciência limpa. “Sempre fui atrás do melhor, daquilo que eu acreditava. Os resultados estão aí. Ninguém engana uma cidade por 25 anos. Nós trabalhamos muito. Sobre o que foi apontado, deixo pra Justiça decidir o que realmente aconteceu, a proporcionalidade, a razoabilidade. Parece que um fato negativo mata os outros 999 positivos. Não uso a palavra vítima porque quem entra na vida pública está suscetível a isso. O tempo é soberano e vai explicar tudo”, finalizou.

A entrevista exclusiva completa com Milton Alves pode ser conferida no YouTube da Rádio Cidade clicando aqui.

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