Moraes teria intercedido pelo Banco Master junto ao BC, aponta jornal

Segundo a reportagem, Moraes teria feito ao menos três ligações para Galípolo para acompanhar o andamento do caso e, em julho, solicitou uma reunião presencial.

Eduardo Fogaça

Publicado em: 23 de dezembro de 2025

6 min.
Moraes teria intercedido pelo Banco Master junto ao BC, aponta jornal. Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom

Moraes teria intercedido pelo Banco Master junto ao BC, aponta jornal. Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria mantido contato direto com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em meio ao processo de venda do Banco Master para o Banco de Brasília (BRB). A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, que ouviu seis fontes próximas ao ministro.

Segundo a reportagem, Moraes teria feito ao menos três ligações para Galípolo para acompanhar o andamento do caso e, em julho, solicitou uma reunião presencial. O encontro teria ocorrido enquanto o Banco Central analisava a operação, que aguardava autorização desde março e já enfrentava divergências internas na autarquia.

Conversas sobre o futuro do banco

De acordo com os relatos, durante a reunião Moraes teria demonstrado apreço por Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, e argumentado que a instituição enfrentava resistência por competir com grandes bancos do sistema financeiro. O ministro também teria pedido aval do Banco Central para a negociação com o BRB.

Na ocasião, Galípolo teria informado Moraes sobre indícios de fraudes detectadas por técnicos do BC no repasse de R$ 12,2 bilhões em créditos do Master para o BRB. Diante da informação, o ministro teria reconhecido que, caso as irregularidades fossem confirmadas, a aprovação da operação não seria possível.

Liquidação e prisões

Em 18 de novembro, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. No mesmo dia, a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro e outros seis executivos, suspeitos de envolvimento no esquema investigado.

Até o momento, nem Alexandre de Moraes nem Gabriel Galípolo se manifestaram publicamente sobre os contatos mencionados pelo jornal.

Contrato envolvendo escritório da esposa do ministro

A investigação ganhou novos contornos após a Polícia Federal ter acesso a documentos que indicam que o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, teria firmado contrato com o Banco Master. O acordo previa pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões durante três anos — cerca de R$ 130 milhões — para representar os interesses do banco e de Vorcaro junto a órgãos federais.

No entanto, respostas do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), informam que não houve pedidos formais de reuniões nem protocolos de documentos apresentados pelo escritório em nome do Banco Master.

Investigação no STF e pressão sobre técnicos

O ministro Dias Toffoli, do STF, assumiu a relatoria do caso, decretou sigilo e autorizou a Polícia Federal a colher depoimentos no prazo de até 30 dias, sob acompanhamento judicial.

Nos bastidores do Banco Central, técnicos relataram desconforto com a possibilidade de convocações para prestar esclarecimentos. Segundo depoimentos prestados ao Ministério Público e à PF, nunca houve, segundo eles, tanta pressão política em defesa de um único banco.

Em coletiva realizada na quinta-feira (18), na sede do Banco Central, Gabriel Galípolo afirmou estar à disposição do Supremo Tribunal Federal para colaborar com as investigações. “Documentamos tudo. Cada uma das ações que foram feitas, cada uma das reuniões, cada uma das trocas de mensagens, cada uma das comunicações, tudo isso está devidamente documentado”, afirmou.

TCU cobra documentos

Na sexta-feira (19), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jhonatan de Jesus, determinou que o Banco Central encaminhe, até esta terça-feira (23), documentos relacionados à liquidação do Banco Master. A decisão cautelar integra um processo que apura possível omissão do BC quanto às operações da instituição financeira, embora o TCU não tenha competência para analisar transações entre bancos privados.


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