Bem-estar
Alerta dos nutricionistas aos perigos do jejum seco
Especialistas alertam que prática que proíbe até mesmo a ingestão de água pode causar sérios danos ao organismo

Nos últimos meses, uma nova tendência tem ganhado espaço nas redes sociais e grupos de bem-estar: o chamado “jejum seco”. A prática, que promete emagrecimento rápido, desintoxicação e até “cura celular”, consiste em se abster completamente de alimentos e líquidos, incluindo água, por períodos que podem variar de 12 a 24 horas — e, em alguns casos extremos, até mais.
Apesar da popularidade crescente, nutricionistas e médicos soam o alarme: o jejum seco não é seguro e pode trazer sérias consequências à saúde, especialmente se adotado de forma contínua ou sem acompanhamento profissional.
O que é o jejum seco?
Inspirado em práticas religiosas e difundido por alguns influenciadores como uma forma extrema de “resetar” o corpo, o jejum seco é uma versão radical do jejum intermitente. Neste modelo, além de não comer, o praticante também não bebe nada — nem água, chás, café ou qualquer outro líquido.
Alguns seguidores da prática dividem o jejum seco em dois tipos:
Jejum seco “suave”: evita-se o consumo de líquidos, mas é permitido o contato com a água, como banho e escovação dentária.
Jejum seco “absoluto”: além da ingestão, também é proibido o contato com a água.
Os riscos para o organismo
A nutricionista funcional Carla Mendonça alerta que o jejum seco pode causar desidratação severa, queda de pressão, fadiga extrema, prejuízo à função renal, confusão mental e até arritmias cardíacas. “Nosso corpo precisa de água para manter a temperatura, transportar nutrientes, eliminar toxinas e realizar praticamente todas as funções vitais. Negar água ao organismo é brincar com fogo”, explica.
Segundo ela, em situações de calor intenso ou prática de exercícios físicos durante o jejum, os riscos se multiplicam: “É uma receita para o colapso”.
Falta de respaldo científico
Até o momento, não existem estudos clínicos confiáveis que comprovem os supostos benefícios do jejum seco em humanos. “As alegações que circulam nas redes sociais são baseadas em experiências pessoais ou interpretações erradas de estudos com animais”, afirma o endocrinologista Dr. Henrique Lopes.
Ele também destaca que, ao contrário do que dizem os defensores da prática, o corpo não entra em ‘modo de cura’ por ficar sem água. “O que acontece, na verdade, é um esforço danoso para manter o mínimo de funcionamento. O fígado e os rins trabalham sob estresse, e isso pode deixar sequelas.”