Caso do balão em SC: advogados apontam crime e omissão
Em entrevista à rádio Cidade em Dia, nesta segunda-feira (7), representantes de vítima afirmaram que piloto não tinha autorização para voos comerciais e deixou cesto antes dos passageiros
A tragédia com o balão em Praia Grande (SC), que resultou na morte de oito pessoas no último dia 21, pode ter implicações criminais sérias. Segundo os advogados Bruno Martinazo e Marco Alencar, que representam Taciane Alvarenga — sobrevivente e namorada de uma das vítimas fatais —, o piloto agiu com irresponsabilidade ao abandonar o cesto antes dos passageiros e conduziu um voo comercial sem a devida autorização legal.
Em entrevista à rádio Cidade em Dia, nesta segunda-feira (7), os advogados destacaram que o piloto possuía habilitação apenas para voos esportivos ou de instrução, conforme previsto pela regulamentação RBAC 103 da Anac, e não para voos panorâmicos pagos, como o que ocorreu. Eles afirmam que a operação foi realizada de forma clandestina, sem seguro e sem certificado de aeronavegabilidade, obrigatório para esse tipo de atividade.
“Ele foi o primeiro a sair do balão, deixando 20 pessoas à própria sorte”, declarou Bruno Martinazo ao jornalista Denis Luciano. Segundo relatos de sobreviventes, não houve instruções claras de emergência antes ou durante o voo. A defesa da vítima também responsabiliza a prefeitura de Praia Grande por promover o turismo de balonismo sem garantir fiscalização adequada.
Os advogados afirmam que vão se manifestar formalmente no inquérito, conduzido pelo delegado Rafael Kiara, e que há indícios não apenas de negligência, mas de dolo eventual — quando se assume o risco da tragédia. A Anac também poderá ser acionada por falhas na fiscalização.
A Polícia Civil de Santa Catarina deve concluir o inquérito nos próximos dias. Até lá, a pressão por justiça cresce entre familiares das vítimas e sobreviventes que questionam a legalidade e segurança dos voos turísticos na região.