Criciúma
Numismática: tradição e história devidamente reconhecidas no Brasil
A ideia de dedicar um dia à numismática surgiu na década de 1930
Nesse domingo, dia 1º, comemorou-se um dia especial para os apaixonados por numismática, a ciência que estuda moedas, medalhas e outros itens de valor histórico e cultural. Este dia, celebrado como o Dia do Numismata, foi instituído em alusão a Santo Eloi, padroeiro dos orives e moedeiros, cuja vida e obra estão intimamente ligadas à história das moedas. A escolha dessa data tem um significado profundo, que une a fé, a tradição e a valorização do colecionismo.
A ideia de dedicar um dia à numismática surgiu na década de 1930, por iniciativa da Sociedade Numismática Brasileira (SNB), que este ano completou 100 anos de existência. Durante os congressos realizados pela entidade, foram discutidas várias datas possíveis, incluindo os aniversários de figuras históricas como Dom Pedro I e Dom Pedro II, além da Viscondessa de Cavalcante, uma das pioneiras no colecionismo de moedas no Brasil.
No entanto, foi em um congresso realizado em 1936 que a decisão final foi tomada. A escolha recaiu sobre o dia 1º de dezembro, em homenagem a Santo Eloi, reconhecido por sua contribuição como orives e cunhador de moedas. Sua história de vida e a ligação com o ofício de produzir moedas reforçaram sua representatividade como padroeiro da numismática.
Embora o dia já fosse celebrado por entusiastas e especialistas, apenas recentemente houve avanços significativos para que ele se tornasse oficial no calendário nacional. No dia 6 de junho deste ano, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei, de autoria do deputado Zé da Silva (MG), para instituir oficialmente o Dia Nacional do Numismata.
O projeto contou com o apoio de entidades colecionistas de todo o Brasil, incluindo a SNB, que teve papel central na construção dessa data comemorativa. Após a aprovação na Comissão de Cultura, o projeto foi enviado à Comissão de Constituição e Justiça e segue em tramitação no Senado Federal. A expectativa é que, em breve, o dia 1º de dezembro seja incluído oficialmente em calendários e livros didáticos, consolidando o reconhecimento da importância da numismática no Brasil.
A importância de Santo Eloi
Santo Eloi viveu na Europa durante o século VII e se destacou como um habilidoso orives. Ele também esteve diretamente envolvido na cunhagem de moedas, sendo responsável por todo o processo, desde a criação das matrizes até a produção final das peças. Algumas moedas cunhadas sob sua supervisão ainda existem, em coleções raras espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil.
Sua devoção e competência o levaram a ser canonizado pela Igreja Católica, tornando-se um símbolo não apenas para os orives, mas também para os numismatas, que encontram em sua história inspiração e conexão com o ofício.
O colecionismo no Brasil
O Brasil possui uma rica cultura numismática, com colecionadores que se dedicam a reunir e preservar itens de valor histórico, como cédulas, moedas e medalhas. Segundo Fagner Máximo da Silveira, um entusiasta do tema, as coleções podem variar de acordo com o foco de cada colecionador. “Alguns colecionam por tipo, outros por tema, período histórico ou até mesmo por valor de mercado”, explica da Silveira.
O colecionismo é uma prática que une história, cultura e paixão. Cada peça traz consigo uma narrativa única, seja de um período de guerra, de transformação econômica ou de celebrações nacionais.
A criação de um dia dedicado ao numismata representa o reconhecimento de uma ciência que preserva a memória histórica e cultural do país. Mais do que um hobby, a numismática é uma forma de manter vivas as histórias por trás de cada moeda e medalha, conectando gerações e promovendo o conhecimento.