Criciúma
Rafael Amaral sai do PCdoB e dispara: “A esquerda precisa se reinventar”
Ele era presidente do partido em Criciúma e o mandato iria até novembro de 2025
Um dos nomes fortes e mais influentes da esquerda regional, Rafael Amaral, deixou o PCdoB. Ele era presidente do partido em Criciúma e o mandato iria até novembro deste ano. E ele deixou um recado: “A esquerda precisa se reinventar”. Questionado o motivo de ter deixado o PCdoB, ele conta que isso foi fruto de uma reflexão pessoal e política sobre a necessidade de encerrar um ciclo e abrir espaço para novas possibilidades de atuação.
“Tenho enorme respeito pelo partido e por tudo o que construímos juntos, mas senti que era o momento de buscar outros caminhos que melhor dialoguem com minhas prioridades e com a forma como pretendo contribuir para a sociedade neste momento. Minha caminhada no PCdoB foi repleta de aprendizados, lutas e momentos que me transformaram não apenas como político, mas como pessoa. Tive o privilégio de trabalhar ao lado de pessoas incríveis, defendendo causas que sempre acreditei e que continuam me movendo, ao longo do tempo que fui presidente tivemos vitórias políticas e eleitorais, portanto deixo o meu agradecimento a todos os camaradas, às amizades que construí e às oportunidades que tive no PCdoB. Essa história será sempre uma parte importante da minha vida política”, diz Amaral.
Perguntado se pretende migrar para o PT, o PSOL ou até mesmo algum partido de centro-esquerda ou centro, ele foi categórico: “Não vou responder”, resume Amaral. Mas ele dá pistas. Embora ainda não tenha tomado nenhuma decisão quanto a filiação a outro partido, o foco de Rafael Amaral será em ouvir, dialogar e estruturar os próximos passos, priorizando (segundo ele) o compromisso com as seguintes causas: justiça social, igualdade e desenvolvimento para todos. “Qualquer decisão será comunicada no momento oportuno, com a transparência que sempre marcou minha trajetória”, acrescenta Amaral.
Aparentemente insatisfeito com a briga extrema-esquerda x extrema-direita
Rafael Amaral diz que a política não pode ser apenas um campo de disputa ideológica entre esquerda e direita enquanto o povo continua sofrendo. Isso porque, segundo ele, a fome não pergunta qual é o espectro político do governo, o desemprego não escolhe lado, a falta de acesso à saúde, à educação e à dignidade não espera acordos partidários para ser resolvida. “Chegamos a um ponto em que a polarização extrema nos afastou do que realmente importa: as soluções concretas para os problemas reais da população. A esquerda precisa se reinventar, entender os novos anseios da sociedade, se reconectar com as bases e apresentar respostas pragmáticas para os desafios da atualidade. O discurso precisa vir acompanhado de gestão eficiente, inovação e capacidade de diálogo. A direita, por sua vez, precisa ir além do conservadorismo reativo e da política de negação. Precisa encarar a desigualdade como um problema real, não como um efeito colateral inevitável do sistema. Precisa reconhecer que o desenvolvimento econômico só faz sentido quando reduz desigualdades, e não quando as aprofunda”, ressalta Amaral.
Ele ainda destaca que nenhum lado pode continuar ignorando a dor do povo em nome de uma retórica vazia ou de um jogo eleitoral perpétuo. “O desafio da política hoje não é apenas vencer eleições, mas reconstruir pontes, criar soluções e devolver dignidade às pessoas. Se esquerda e direita não entenderem essa urgência, não serão os partidos que falharão—será a sociedade como um todo que pagará o preço. E o preço já está alto demais”, pontua Rafael Amaral.