UFSC aprova retirada de nome do campus Trindade em Floripa
Conselho universitário votou 56×8 favorável à mudança, encerrando homenagem a ex-reitor ligado à ditadura

O Conselho Universitário (CUn) da UFSC aprovou na terça-feira (17) a retirada do nome de João David Ferreira Lima do campus-sede Trindade, em Florianópolis. A decisão foi tomada com 56 votos a favor e 8 contrários — ultrapassando os 42 necessários para aprovação.
O parecer da Comissão Memória e Verdade (CMV), que embasou a mudança, apontou documentos que ligam Ferreira Lima à repressão a estudantes e professores durante a ditadura militar, incluindo o envio de ofícios ao SNI e apoio à instalação de comissões investigativas no campus. A família contesta as conclusões e questiona a ausência de contraditório, prometendo recorrer.
As discussões sobre o tema começaram em 2018. Desde então, audiências públicas e manifestações marcaram o debate, com o pedido de vistas em sessão anterior adiado para esta terça-feira.
A votação foi transmitida ao vivo no auditório Garapuvu, com presença intensa de estudantes, professores e comunidade. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) saudou a decisão como um avanço no processo de reconhecimento e reparação histórica.
Entidades tradicionais, como a Associação Catarinense de Medicina (ACM) e o movimento Floripa Sustentável, criticaram a mudança. Para eles, Ferreira Lima foi “central na fundação da UFSC” e sua memória deveria ser preservada. O ex-reitor Álvaro Prata destacou o papel de Ferreira Lima na federalização da universidade e na expansão do campus Trindade.
Próximos passos
A UFSC deverá agora remover o nome e as homenagens de placas, documentos e estátuas no campus. Ainda não há definição sobre como o local passará a ser identificado oficialmente.
Relevância para SC
Esta mudança marca um momento simbólico no amadurecimento das instituições de ensino em Santa Catarina, especialmente no tema da reparação histórica e da democracia acadêmica. Em Florianópolis, a retirada do nome de Ferreira Lima deve acalorar o debate sobre nomes e símbolos públicos relacionados à ditadura — tema que pode repercutir em outras cidades catarinenses.