Fóssil revela fungo “zumbi” com 99 milhões de anos
Parasita real que inspirou “The Last of Us” já controlava insetos na era dos dinossauros
Pesquisadores identificaram um fóssil em âmbar com 99 milhões de anos que revela um fungo parasitário da linhagem Ophiocordyceps infectando uma pupa de formiga. A descoberta comprova que esses fungos “zumbis”, conhecidos por manipular o comportamento de insetos, já existiam durante o período Cretáceo.
Esse tipo de fungo ganhou notoriedade na cultura pop por inspirar a série “The Last of Us”, da HBO, onde uma mutação transforma humanos em criaturas controladas. Na realidade, porém, esses fungos atacam apenas insetos, como formigas e lagartas, utilizando toxinas para alterar sua movimentação e garantir a dispersão dos esporos.
A descoberta foi publicada na revista científica Proceedings of the Royal Society B e amplia em mais de 50 milhões de anos o registro fóssil conhecido de fungos que manipulam hospedeiros. Antes disso, o exemplo mais antigo havia sido datado em 48 milhões de anos.
Para cientistas, a identificação do parasitismo tão antigo ajuda a entender melhor a evolução desses organismos, seu impacto ecológico e o potencial uso em estudos biomédicos. Especialistas também reforçam que, apesar do fascínio causado pela ficção, esses fungos não representam ameaça à saúde humana.
Arquivo vivo da biologia zumbi
No ecossistema contemporâneo, diversos fungos como Cordyceps e Ophiocordyceps, estudiosos de comportamento, infectam insetos — formigas, lagartas, moscas — controlando sua neurobiologia com toxinas que alteram a movimentação, levando-os a locais estratégicos para a proliferação do fungo.
Embora The Last of Us traga à tona o fascínio pelo tema com um cenário fictício de infecção humana, especialistas reforçam que esses fungos são altamente específicos: não infectam humanos ou outros vertebrados.
Ciência x fantasia
Estima-se que existam mais de 100 espécies conhecidas dessas espécies parasitas, com potencial existência de até 600 ainda não descritas.
O entomologista David Hughes, consultor de The Last of Us, confirma a similaridade entre o comportamento dos fungos em formigas e a ficção, mas destaca suas limitações interespécies.
Fósseis anteriores já mostravam marcas desse controle comportamental há 48 milhões de anos, mas o novo fóssil amplia esse registro para quase 100 Ma.
Por que isso importa?
Evolução dos fungos: oferece pistas sobre a longevidade do relacionamento parasita-hospedeiro.
Saúde humana: apesar de não causarem “apocalipse zumbi”, fungos estão entre as maiores ameaças infecciosas emergentes, especialmente com mudanças climáticas.
Popularização científica: o fascínio por narrativas como The Last of Us ajuda a divulgar fenômenos biológicos reais.