Advogada das famílias critica falhas e pede mais dignidade no atendimento infantil em Criciúma

No quarto episódio da série “Denúncias contra o Hospital Materno Infantil Santa Catarina”, advogada das famílias comenta a falta de protocolos, a resposta do hospital e o andamento das ações judiciais.

Leticia Matos

Publicado em: 27 de outubro de 2025

6 min.
Advogada das famílias critica falhas e pede mais dignidade no atendimento infantil em Criciúma. - Foto: Reprodução/SCTODODIA

Advogada das famílias critica falhas e pede mais dignidade no atendimento infantil em Criciúma. - Foto: Reprodução/SCTODODIA

Casos que levantam questionamentos sobre a atuação e os protocolos de atendimento do Hospital Materno Infantil Santa Catarina, em Criciúma, seguem repercutindo na Justiça e na opinião pública. A advogada Milene Lacerda, que representa as famílias de Dominic, Jordana e Samuel, fala sobre os processos em andamento e aponta falhas que, segundo ela, evidenciam a necessidade de mudanças estruturais e de conduta na unidade hospitalar.

Milene explica que passou a acompanhar os casos após tomar conhecimento das denúncias de mães que enfrentaram situações semelhantes. “A principal questão é a falta de protocolo no primeiro atendimento, de condução de exames e de cuidados básicos. Quando uma mãe leva o filho ao hospital, o mínimo que se espera é a realização de um exame inicial, não apenas uma avaliação visual”, afirma.

Entre os exemplos citados pela advogada, estão o caso de Samuel Biff, relatado pela mãe Vanusa, em que o bebê teria sofrido com falta de higiene e feridas graves durante a internação, e o de Dominic, filho de Jéssica Bruna Nunes, que recebeu aplicação excessiva de adrenalina e deixou o hospital com diagnóstico de paralisia cerebral severa. “São casos comoventes, de famílias que confiaram seus filhos a um hospital público e saíram com sequelas irreversíveis ou com a perda da criança”, lamenta.

Outro episódio mencionado é o de Daiane Rodrigues Dias, mãe de Jordana, que morreu após complicações renais. A advogada destaca que, naquele caso, a unidade não dispunha de hemodiálise e nefrologia infantil, o que teria comprometido as chances de sobrevivência da menina. “O mesmo tipo de complicação em outro hospital resultou em vida. Isso mostra a diferença que a estrutura faz”, pontua.

Hospital não se manifestou sobre as denúncias

Questionada sobre a postura da direção do Hospital Materno Infantil diante das acusações, Milene afirma que o contato com a instituição foi limitado e sem retorno efetivo. “Antes de ajuizarmos as ações, tentamos uma reunião com as mães, mas o hospital impediu a entrada delas e não apresentou respostas. Em outras ocasiões, quando precisei de liminares para garantir tratamento ou cirurgia do Dominic, também não houve diálogo”, relata.

A advogada contesta a posição do hospital, que, segundo informações, teria classificado os casos como “isolados” e sem relação com a conduta geral da equipe. “É justamente o contrário do que vemos. Os relatos mostram falhas repetidas, em diferentes atendimentos e com consequências graves. São vidas marcadas por erros que poderiam ter sido evitados”, afirma.

Ações judiciais em andamento

Atualmente, os processos movidos pelas famílias estão na fase de perícia médica judicial. Milene explica que dois laudos já foram concluídos e um terceiro ainda aguarda nomeação de perito. “Temos enfrentado dificuldades, inclusive com desistências de peritos e tentativas de realização de perícias online, o que consideramos inapropriado, já que é necessário examinar a criança presencialmente”, destaca.

Ela reforça que o objetivo das ações não é apenas buscar reparação, mas evitar que novos casos ocorram. “Nada trará de volta as crianças que morreram nem apagará as sequelas do Dominic, mas é preciso que isso não se repita. Queremos que haja mais cuidado, mais dignidade e mais respeito com quem busca atendimento médico.”

A série especial “Denúncias contra o Hospital Materno Infantil Santa Catarina”, produzida pela jornalista Manuela Oliveira, da Rádio Cidade em Dia (89.1 FM), encerra sua primeira etapa com esta entrevista. As reportagens seguem repercutindo na região, e novas denúncias continuam encaminhadas às autoridades e ao Ministério Público.


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