Um estudo publicado na revista Frontiers in Ethology mostrou que a maioria das pessoas tem dificuldade para identificar sinais de desconforto e estresse em gatos durante interações consideradas “brincadeiras”. A pesquisa analisou a capacidade de 368 participantes australianos em interpretar corretamente o comportamento felino, revelando falhas importantes que podem prejudicar o bem-estar dos animais.
O que diz a pesquisa
O estudo utilizou vídeos de interações entre pessoas e gatos. Em metade das cenas, os felinos estavam dispostos a brincar; na outra metade, apresentavam sinais negativos — alguns sutis, outros evidentes.
Os resultados mostram que:
- Sinais negativos sutis, como tensão corporal ou evitar contato, foram identificados corretamente apenas em 48,7% dos casos, o equivalente ao acaso.
- Mesmo diante de sinais claros de estresse, como sibilar, tentar fugir ou morder, 25% dos participantes classificaram essas interações como positivas.
- Muitos participantes, mesmo reconhecendo o desconforto, escolheram continuar interagindo de forma inadequada, como acariciar ou tocar a barriga, o que aumenta o risco de agressões.
Por que isso importa
O estresse recorrente pode gerar problemas de saúde nos gatos, como inflamação da bexiga, além de comportamentos considerados problemáticos pelos tutores — agressividade, esconderijo constante ou xixi fora da caixa. Esses comportamentos, quando mal compreendidos, podem levar até à realocação ou eutanásia do animal.
Para os humanos, a desatenção aos sinais felinos pode resultar em arranhões e mordidas. Entre 30% e 50% das mordidas de gatos evoluem rapidamente para infecções graves, podendo causar complicações severas se não houver tratamento imediato.
Como identificar sinais de alerta no comportamento felino
Saber reconhecer o limite do gato é fundamental para evitar estresse e acidentes. Os sinais mais comuns incluem:
- Virar-se ou esquivar-se de toques
- Recuar ou encolher o corpo
- Orelhas para trás ou para os lados
- Bater a cauda
- Lamber os lábios ou nariz
- Postura tensa repentina
- Dar patadas
- Sinais evidentes, como sibilar e rosnar
Brincadeiras seguras: recomendações
O estudo reforça que a interação adequada depende da atenção aos sinais corporais:
1. Toque
- Evite barriga, patas e base da cauda.
- Prefira cabeça e pescoço.
- Não use as mãos como brinquedos — isso incentiva mordidas.
2. Cauda
- Movimentos amplos e rápidos podem indicar forte excitação ou estresse.
- Avalie a cauda junto ao restante do corpo.
3. Orelhas
- Orelhas relaxadas: o gato apenas percebe o ambiente.
- Orelhas achatadas e para trás: sinal de angústia.
4. Vocalizações
- Trinados indicam brincadeira.
- Sibilos, rosnados e miados altos sugerem desconforto.
- Ronronar nem sempre significa bem-estar — também pode ser autorregulação diante do estresse.
5. Respeito ao espaço
Se aparecerem sinais de alerta, o ideal é interromper a interação. Caso o gato retorne por conta própria, é um indicativo de que se sente mais confortável, mas a atenção deve continuar.
Tornar-se “fluente em gato”
Reconhecer e respeitar os limites dos felinos é essencial para garantir relações mais seguras e harmoniosas. O estudo reforça que, mesmo com a comunicação adaptada ao convívio humano, os gatos continuam enviando sinais claros — cabe ao tutor aprender a interpretá-los corretamente.
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