Saúde
Médico dá dicas para evitar o estresse
Problemas alimentares, de sono, também são sintomas importantes do estresse, bem como os problemas arteriais e cardíacos
Por
Joca Baggio
Você já se deparou com situações em que tem um problema e não consegue tirar aquela preocupação da cabeça? Na maior parte do tempo, seus pensamentos são em como vai resolver isso ou aquilo? Então começa a aparecer aquela angústia que não passa, medo, inquietação, dores de cabeça, problemas para dormir, sendo que você tem dificuldade em iniciar o sono ou desperta no meio da madrugada, tudo até que a situação se resolva. Além disso, tudo vem acompanhado de dores musculares, enxaqueca, problemas de concentração. Pois bem, estes são sinais de alerta para o estresse, que pode começar levemente, mas depois se agravar.
O médico psiquiatra e membro da Associação Brusquense de Medicina (ABM), Humberto Fornari, diz que a reação de estresse de todo o ser humano é positiva, porque ela prepara as pessoas para a “luta e fuga”. Adiante de qualquer situação de perigo, onde o medo aparece, onde a vigilância se torna necessária, o mecanismo de estresse é ativado através dos hormônios da adrenalina e do cortisol, principalmente, onde há uma descarga gigantesca desses hormônios na corrente sanguínea e faz com que a pessoa hiperativa todas as funções de resguardo.
“E isso nos leva a sintomas como pressão alta, o coração parece que vai ter um ataque cardíaco, a respiração fica mais ofegante e assim por diante. Quando isso acontece onde a preocupação ou o estado não é de perigo, mas de preocupação ou de estresse, provocado pelo trabalho ou por uma confusão interpessoal ou familiar, pode desencadear uma reação onde a descarga de cortisol e adrenalina vai causar sintomas corporais nessa pessoa”, explica o especialista.
Segundo Fornari, existem diferentes tipos de estresse, como o agudo, o crônico e o intermitente e a sintomatologia vai depender de cada pessoa e de como ela se comporta perante situações de perigo e situações de conflito.
“O estresse agudo é aquele que vem, passa, se resolve e a pessoa volta ao seu normal. Nós também temos o estresse agudo episódico, que é mais relacionado com aquelas personalidades desenvolvidas anos atrás, onde essas pessoas têm uma propensão a ter um estresse que vem, se instala, passa alguns meses, o indivíduo fica bem, melhora por um ano ou dois e daqui a pouco volta o estresse de novo. Já o estresse crônico, é um sofrimento para a vida toda. A pessoa não melhora, está sempre estressada, inquieta, agressiva, irritada e acaba sofrendo com isso e fazendo as pessoas que estão ao seu lado sofrerem também”, explica o psiquiatra.
Perigos do estresse
O estresse pode afetar a saúde orgânica e a saúde emocional das pessoas causando, principalmente, a depressão e a ansiedade, quando a doença é crônica. Problemas de pele, de queda de cabelo e as doenças tipo acne e eczema podem ser relacionadas com estresse.
“Problemas dietivos, de sono, também são sintomas importantes do estresse, bem como os problemas arteriais e cardíacos, que podem sim, causar um infarto do miocárdio. Questões como o peso, tanto a anorexia quanto o sobrepeso, a obesidade mórbida, nós sabemos que estão relacionadas com a compulsão alimentar e isso tem muito do estresse crônico vivenciado por essas pessoas”, lembra o médico.
Como tratar
Fornari explica que o combate ao estresse se dá por mudanças de hábitos, como boa alimentação, uma boa noite de sono e exercício físico diário que fazem com que a pessoa encare os conflitos de maneira diferente da que estava encarando.
“Se eu estou sobrecarregado de trabalho, com noites e noites sem dormir porque tenho que trabalhar, se tenho conflitos dentro da família e conflitos dentro da equipe de trabalho, é óbvio que tudo isso vai gerar um nível de estresse maior. Mas seria diferente se a pessoa tivesse uma atividade física saudável, um dia prazeroso e intervalos de descanso. Às vezes, a pessoa precisa de medicação também, mas tem que passar por um psiquiatra para fazer uma avaliação”, esclarece.
Dicas de como evitar o estresse
O psiquiatra lembra mais uma vez que, o estresse é uma necessidade humana e é uma necessidade de todos os nossos animais. Porém, esse estresse não pode ser perpetuado por situações crônicas que nos envolvemos e quando ele se manifesta em mais momentos, de maneira prolongada, vai trazer problemas para a saúde.
“Nós precisamos ter uma vida mais tranquila do ponto de vista do século XXI. É meio difícil isso? Claro que é difícil, mas ao mesmo tempo nós temos que nos vigiar, principalmente, com a questão dessa vida atribulada que a internet, que o celular, que essas comunicações online nos permitem. Eu mesmo, às vezes, me pego almoçando e falando com as pessoas online. Isso é muito ruim, porque você não faz o seu trabalho de descanso cerebral, o que eu chamo de ócio necessário. Nós precisamos ter o momento do ócio para poder deixar nosso cérebro em stand-by, ficar ali paradinho, meio que desligado, fazendo só as funções fisiológicas do organismo, sem pensar em outras coisas, sem querer produzir algo diferente, porque são momentos necessários para um relaxamento. Isso vale para o trabalho, família, estudos e tudo o que a gente está produzindo no dia a dia”, reforça o médico.
O psiquiatra lembra ainda da importância de “fazer um ioga, uma meditação, um esporte e praticar uma caminhada diária. Essas atividades fazem com que tenhamos menos estresse, descarregue os hormônios de maneira saudável, de maneira a evitar os sintomas do estresse. Aquela regra da régua de 24 polegadas: 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer, descanso, alimentação e atividades físicas e 8 horas de sono são fundamentais para distinguir o que a gente tem que fazer em cada momento e vai nos preparar melhor para os conflitos diários”.