Saúde
‘Paciente ficou careca e outra engordou 15kg’: os efeitos dos ‘chips da beleza’
Médica de Criciúma relata casos de pacientes que tiveram problemas após uso do implante hormonal
Popularmente conhecidos como “chips da beleza”, os chamados implantes hormonais foram recentemente proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A proibição acontece pela falta de comprovação científica de que os dispositivos oferecem benefícios aos pacientes e, também, pelas centenas de relatos de efeitos negativos – como a queda de cabelo e o engordamento rápido e repentino.
Colocados debaixo da pele para liberação automática e controlada, os implantes ficaram conhecidos por conta das promessas estéticas. Os dispositivos, vendidos por farmácias de manipulação, passaram a ser recomendados para mulheres em busca de ganho de massa muscular, melhora da qualidade da pele e até mesmo garantia de maior disposição no dia-a-dia. Tudo isso, sem comprovação científica.
“É preciso entender agora que esse uso é proibido. Não temos estudos científicos de segurança para poder fazer esse tratamento em todas as pessoas, porque não sabemos como esse medicamento vai reagir em cada corpo”, destacou a médica endocrinologista Thaís Areias, que atua em Criciúma.
De acordo com a doutora, o fato dos medicamentos serem produzidos por farmácias de manipulação fazia com que eles não fossem regulamentados. Com isso, não era realmente possível garantir o que havia dentro dos implantes. A falta de regulamentação também fez com que médicos que recomendassem os chips não possuíssem nenhuma segurança jurídica em caso de problemas posteriores.
Médica relata casos com efeitos colaterais após o uso dos ‘chips da beleza’
Thaís afirma que muitos pacientes têm lhe procurado para resolver problemas envolvendo o uso dos chips. Os mais graves envolvem o rápido e descontrolado de peso, a trombose de membros inferiores e a perda quase que completa de cabelo.
“Uma paciente teve uma anasarca e ganhou cerca de 15 quilos, até os olhos dela incharam. Ocorreu um edema secundário, talvez causado pela testosterona do implante. O problema é que o chip não dá para tirar. Ela procurou a médica que colocou, mas ela lavou as mãos e disse que não tinha como tirar. Ficamos seis meses trabalhando na retirada desse líquido corporal que ela teve. Mas até hoje está acima do peso”, comentou.
“Tivemos outro que teve uma trombose importante dos membros inferiores. E uma paciente, também, que sobrou 20% do cabelo e ficou careca por causa da testosterona. As três foram procurar médico para retirar o dispositivo e nenhuma conseguiu satisfação do processo. O chip é tão pequeno que entra nos planos mais profundos da pele e não encontra”, pontuou.
A médica relata ainda um caso extremamente grave e preocupante que também chegou em seu consultório. Uma mulher teria feito o implante sem que o médico pedisse um teste Beta HCG, o exame de sangue que detecta gravidez – considerado importante antes da realização da grande maioria dos procedimentos. Tempos depois, já com o chip instalado, a paciente descobriu que estava grávida.
“Agora ela vai ter que lidar com a situação do bebê estar nascendo em meio a hormônios que não são naturais à mulher”, afirmou.