O Dia Nacional da Saúde, celebrado em 5 de agosto, chama atenção para uma dimensão ainda pouco compreendida do cuidado integral: os cuidados paliativos. Em Santa Catarina, o tema tem ganhado espaço com a implantação do Ambulatório Multidisciplinar de Cuidados Paliativos em São José, ativo há um ano, e o pedido de habilitação do serviço junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).A prática, reconhecida nacionalmente pela Política Nacional de Cuidados Paliativos (PNCP), vai além do controle da dor. Ela busca garantir qualidade de vida e dignidade a pacientes com doenças graves — não apenas em fase terminal — e a seus familiares, por meio do alívio de sofrimentos físicos, emocionais e espirituais.Segundo a professora Chaiana Esmeraldino Mendes Marcon, de Tubarão, docente dos cursos de Enfermagem e Medicina da UniSul/Inspirali, um dos maiores entraves ainda é cultural. “Existe o mito de que o cuidado paliativo só serve para quem está morrendo. Mas ele deve começar no diagnóstico de qualquer condição grave”, explica.Chaiana reforça que o trabalho inclui escuta ativa, empatia e atuação em equipe. “Não se trata de abreviar a vida, mas de respeitar a dignidade e os desejos do paciente”, afirma. Doenças como câncer, insuficiências cardíacas, respiratórias, neurológicas e renais, entre outras crônicas, podem se beneficiar dessas práticas.Além do suporte ao paciente, os cuidados paliativos também evitam procedimentos invasivos desnecessários, reduzem custos para o sistema e facilitam o processo de luto das famílias. “Quando há cuidado paliativo, há também mais humanidade e ética no atendimento”, conclui a professora.A ampliação desses serviços em Santa Catarina representa um avanço importante na consolidação de uma saúde pública mais acolhedora e centrada nas reais necessidades das pessoas.