Uma em cada dez pessoas pode ter sensibilidade ao glúten ou ao trigo mesmo sem diagnóstico de doença celíaca ou alergia alimentar. É o que aponta uma metanálise publicada na revista científica Gut, que reuniu dados de 25 estudos realizados entre 2014 e 2024 com quase 50 mil participantes de 16 países.
Segundo os pesquisadores, a condição — chamada de sensibilidade ao glúten/trigo não celíaca (NCGWS, na sigla em inglês) — é mais comum em mulheres e costuma estar associada a problemas gastrointestinais, além de sintomas de ansiedade e depressão.
O que é a sensibilidade ao glúten não celíaca
A NCGWS é uma condição em que o organismo reage ao consumo de glúten ou trigo, provocando desconfortos semelhantes aos observados em pessoas com doença celíaca. A diferença é que, nesses casos, não há marcadores imunológicos ou inflamatórios que confirmem o diagnóstico laboratorial.
De acordo com Mohamed Shiha, pesquisador da Universidade de Sheffield e um dos autores do estudo, o diagnóstico deve ser feito por exclusão — ou seja, descartando primeiro a presença de doença celíaca e alergia ao trigo.
Sintomas mais frequentes
Os sintomas relatados pelos pacientes incluem:
- Distensão abdominal;
- Desconforto e dor abdominal;
- Fadiga;
- Diarreia;
- Dor de cabeça;
- Dores articulares.
Além dos sintomas físicos, o estudo mostra que pessoas com sensibilidade ao glúten têm até três vezes mais chances de desenvolver ansiedade e o dobro de probabilidade de apresentar depressão.
Relação entre intestino e saúde mental
Shiha explica que a sensibilidade pode estar ligada à comunicação entre o intestino e o cérebro, e não apenas a uma reação direta ao glúten. “Reconhecer a NCGWS como parte dos distúrbios de interação intestino-cérebro é fundamental para compreender melhor os sintomas e evitar dietas restritivas desnecessárias”, afirma.
Mudanças na dieta exigem cautela
Segundo o levantamento, 40% das pessoas com sensibilidade afirmaram seguir dietas sem glúten para reduzir desconfortos gastrointestinais. No entanto, os pesquisadores alertam que eliminar totalmente o glúten sem acompanhamento médico pode causar deficiências nutricionais e não resolver o problema em todos os casos.
Shiha reforça que uma avaliação profissional é essencial para definir a melhor abordagem: “Restrições rigorosas nem sempre são úteis e, em muitos casos, o tratamento pode incluir orientação nutricional e acompanhamento psicológico”.
Impactos globais e falta de diagnóstico
A prevalência da sensibilidade varia conforme o país. Enquanto no Chile apenas 0,7% da população relatou sintomas, no Reino Unido a taxa chega a 23%. No Brasil, embora não haja dados nacionais consolidados, especialistas acreditam que o número de pessoas afetadas também seja expressivo.
Com sintomas difusos e ausência de testes específicos, o diagnóstico da NCGWS segue sendo um desafio. Por isso, médicos recomendam cautela antes de eliminar grupos alimentares e reforçam a importância da avaliação clínica e nutricional adequada.
FIQUE BEM INFORMADO:
📲 Fique por dentro do que acontece em Santa Catarina!
Entre agora no nosso canal no WhatsApp e receba as principais notícias direto no seu celular.
👉 Clique aqui e acompanhe.