Sensibilidade ao glúten afeta 1 em cada 10 pessoas sem diagnóstico, aponta estudo

Pesquisa global revela que milhões sofrem com sintomas ligados ao glúten sem ter doença celíaca ou alergia diagnosticada.

Leticia Matos

Publicado em: 29 de outubro de 2025

5 min.
Sensibilidade ao glúten afeta 1 em cada 10 pessoas sem diagnóstico, aponta estudo. - Foto: Divulgação/SCTODODIA

Sensibilidade ao glúten afeta 1 em cada 10 pessoas sem diagnóstico, aponta estudo. - Foto: Divulgação/SCTODODIA

Uma em cada dez pessoas pode ter sensibilidade ao glúten ou ao trigo mesmo sem diagnóstico de doença celíaca ou alergia alimentar. É o que aponta uma metanálise publicada na revista científica Gut, que reuniu dados de 25 estudos realizados entre 2014 e 2024 com quase 50 mil participantes de 16 países.

Segundo os pesquisadores, a condição — chamada de sensibilidade ao glúten/trigo não celíaca (NCGWS, na sigla em inglês) — é mais comum em mulheres e costuma estar associada a problemas gastrointestinais, além de sintomas de ansiedade e depressão.

O que é a sensibilidade ao glúten não celíaca

A NCGWS é uma condição em que o organismo reage ao consumo de glúten ou trigo, provocando desconfortos semelhantes aos observados em pessoas com doença celíaca. A diferença é que, nesses casos, não há marcadores imunológicos ou inflamatórios que confirmem o diagnóstico laboratorial.

De acordo com Mohamed Shiha, pesquisador da Universidade de Sheffield e um dos autores do estudo, o diagnóstico deve ser feito por exclusão — ou seja, descartando primeiro a presença de doença celíaca e alergia ao trigo.

Sintomas mais frequentes

Os sintomas relatados pelos pacientes incluem:

  • Distensão abdominal;
  • Desconforto e dor abdominal;
  • Fadiga;
  • Diarreia;
  • Dor de cabeça;
  • Dores articulares.

Além dos sintomas físicos, o estudo mostra que pessoas com sensibilidade ao glúten têm até três vezes mais chances de desenvolver ansiedade e o dobro de probabilidade de apresentar depressão.

Relação entre intestino e saúde mental

Shiha explica que a sensibilidade pode estar ligada à comunicação entre o intestino e o cérebro, e não apenas a uma reação direta ao glúten. “Reconhecer a NCGWS como parte dos distúrbios de interação intestino-cérebro é fundamental para compreender melhor os sintomas e evitar dietas restritivas desnecessárias”, afirma.

Mudanças na dieta exigem cautela

Segundo o levantamento, 40% das pessoas com sensibilidade afirmaram seguir dietas sem glúten para reduzir desconfortos gastrointestinais. No entanto, os pesquisadores alertam que eliminar totalmente o glúten sem acompanhamento médico pode causar deficiências nutricionais e não resolver o problema em todos os casos.

Shiha reforça que uma avaliação profissional é essencial para definir a melhor abordagem: “Restrições rigorosas nem sempre são úteis e, em muitos casos, o tratamento pode incluir orientação nutricional e acompanhamento psicológico”.

Impactos globais e falta de diagnóstico

A prevalência da sensibilidade varia conforme o país. Enquanto no Chile apenas 0,7% da população relatou sintomas, no Reino Unido a taxa chega a 23%. No Brasil, embora não haja dados nacionais consolidados, especialistas acreditam que o número de pessoas afetadas também seja expressivo.

Com sintomas difusos e ausência de testes específicos, o diagnóstico da NCGWS segue sendo um desafio. Por isso, médicos recomendam cautela antes de eliminar grupos alimentares e reforçam a importância da avaliação clínica e nutricional adequada.


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