Criciúma
Terapia diminui mortes por febre amarela em 84%
Casos este ano sobem
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Uma equipe de infectologistas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) divulgou os resultados de um estudo inovador que adaptou protocolos de tratamento de hepatites fulminantes para casos de Febre Amarela grave. A nova abordagem resultou em um aumento drástico das taxas de sobrevivência entre os pacientes elegíveis, alcançando 84%.
O tratamento em questão consiste no uso de transfusões de plasma sanguíneo para aliviar a sobrecarga do fígado, que fica incapacitado de processar toxinas durante a infecção. A técnica, originalmente desenvolvida por uma equipe médica dinamarquesa para tratar casos graves de hepatite, permite ao organismo ganhar tempo para se recuperar. Enquanto pacientes com hepatite fulminante costumam apresentar melhora após poucos dias de tratamento, os especialistas do HC identificaram que o protocolo também pode ser eficaz na Febre Amarela, desde que aplicado por um período mais prolongado.
Atualmente, a abordagem padrão para os casos mais graves da doença no Brasil é o transplante de fígado. No entanto, esse procedimento apresenta alta taxa de mortalidade devido à demora na realização, à dificuldade em obter órgãos compatíveis e à própria fragilidade dos pacientes durante a fase aguda da infecção. O novo protocolo surge como uma alternativa viável para evitar a necessidade do transplante e, consequentemente, aumentar as chances de recuperação dos doentes.
Segundo o artigo publicado pela equipe do HC, a mortalidade elevada da Febre Amarela está diretamente relacionada à resposta imune dos pacientes, que pode se tornar desregulada, à dinâmica da infecção viral, que pode atingir outros órgãos além do fígado, e à carga viral no organismo. O uso de transfusões de plasma, ao mitigar os efeitos tóxicos da falência hepática, permite que o corpo combata o vírus de maneira mais eficiente e, assim, favorece a recuperação.